Enigmas
É um entardecer tranquilo
O oceano mal estremece
Nas águas vejo a cor dos teus olhos
Como foram.
Imagino-me a navegar
sob o abismo das águas.
Ali mesmo, entre algas e corais
a solução do enigma.
Quando se ama,
o furioso oceano é manso.
Eu quero crer que sim.
E acreditei até mesmo
que os teus olhos
eram da cor das águas.
As palavras naufragaram, eu sei.
Permanecem lá no fundo
como conchas primitivas
ou peixes primordiais.
Talvez sejam as vidas
que não foram.
Afinal,
estamos sempre de partida.
Migramos com as aves
porque sim.
Nesse tempo sabíamos apenas :
o amor é felicidade pura
se servido num açafate de açucenas.
Não sabíamos, porém,
que o oceano é ciumento :
guarda para sempre
o início e o fim dos tempos.
Não venhas, pois,
já se fez tarde.
Basta o que sobrou.
É muito, é pouco?
O fogo já não arde.
O que sobrou?
Um círculo na areia que alguém traçou.
-------------N. P. ------2025
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