terça-feira, 3 de junho de 2025

 Dois passos atrás

Dizem-me : “Há tantos céus quantos quiseres!”.
Não sei, não sei, o céu é infinito?
Onde estava tudo no começo?
Eu chamava-te camarada, e vinham logo
mais cinco, trazendo o pão e abraços,
lembras-te? Escuta agora a cotovia
assustadiça, sobre árvores velhas derrubadas.
Aqueles que se levantaram do chão,
já a terra-mãe os consumiu.
Nas aldeias desertas os citadinos
almoçam aos domingos. Às vezes fogem
das matas de eucaliptos que ardem de repente.
Chamo-te e tu agora lentamente vens sozinho.
Os outros cinco perderam-se no caminho.
Já não nos sentaremos na mesa comum
da fraternidade universal.
O novo, afinal, não nasceu.
Escuta : a justiça para ser real
é dar a cada um o que é seu.


---------------N. P. --------Maio, 2025

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