
segunda-feira, 31 de julho de 2017
quarta-feira, 26 de julho de 2017
sexta-feira, 21 de julho de 2017
terça-feira, 18 de julho de 2017
THE RIVER-MERCHANT’S WIFE: A LETTER
(after Rihaku)
While my hair was still cut straight across my forehead
I played about the front gate, pulling flowers.
You came by on bamboo stilts, playing horse,
You walked about my seat, playing with blue plums.
And we went on living in the village of Chokan:
Two small people, without dislike or suspicion.
At fourteen I married My Lord you.
I never laughed, being bashful.
Lowering my head, I looked at the wall.
Called to, a thousand times, I never looked back.
At fifteen I stopped scowling,
I desired my dust to be mingled with yours
For ever and for ever and for ever.
Why should I climb the look out?
At sixteen you departed,
You went into far Ku-to-yen, by the river of swirling eddies,
And you have been gone five months.
The monkeys make sorrowful noise overhead.
You dragged your feet when you went out.
By the gate now, the moss is grown, the different mosses,
Too deep to clear them away!
The leaves fall early this autumn, in wind.
The paired butterflies are already yellow with August
Over the grass in the West garden;
They hurt me. I grow older.
If you are coming down through the narrows of the river Kiang,
Please let me know beforehand,
And I will come out to meet you
As far as Cho-fu-Sa.
§
A ESPOSA DO MERCADOR DO RIO: UMA CARTA(a partir de Li Po)
Quando era ainda curto meu cabelo sobre a fronte
Brincava junto ao portão da frente arrancando flores.
Você veio em andas de bambu, brincando aos cavalos,
Caminhando até onde eu estava, brincando com ameixas azuis.
E assim fomos vivendo na aldeia de Chokan:
Duas pequenas pessoas, sem antipatia ou suspeita.
Aos catorze, Meu Senhor, casei consigo.
Jamais me ria, de tão tímida.
Baixando a cabeça, olhava a parede.
Por mil vezes chamada nunca olhei para trás.
Aos quinze deixei de fazer carranca,
Desejei que meu pó se misturasse com o seu
Para sempre, oh, para sempre, oh, para sempre.
Porque haveria eu de subir à vigia?
Aos dezasseis você partiu,
Até à longínqua Ku-to-yen, pelo rio de redemoinhos espirais,
E já está fora há cinco meses.
Os macacos fazem um ruído dorido lá em cima.
Arrastou seus pés quando saiu.
Agora, junto ao portão, o musgo cresceu, os diferentes musgos,
Demasiado fundo para os arrancar!
As folhas caem cedo com o vento, este Outono.
As borboletas, aos pares, já estão amarelas com Agosto
Sobre a relva no jardim de oeste;
Elas ferem-me. Envelheço.
Se planeia descer pelos estreitos do rio Kiang,
Por favor deixe-me saber de antemão,
E eu sairei a encontrá-lo
Tão longe quanto Cho-fu-Sa.
(after Rihaku)
While my hair was still cut straight across my forehead
I played about the front gate, pulling flowers.
You came by on bamboo stilts, playing horse,
You walked about my seat, playing with blue plums.
And we went on living in the village of Chokan:
Two small people, without dislike or suspicion.
At fourteen I married My Lord you.
I never laughed, being bashful.
Lowering my head, I looked at the wall.
Called to, a thousand times, I never looked back.
At fifteen I stopped scowling,
I desired my dust to be mingled with yours
For ever and for ever and for ever.
Why should I climb the look out?
At sixteen you departed,
You went into far Ku-to-yen, by the river of swirling eddies,
And you have been gone five months.
The monkeys make sorrowful noise overhead.
You dragged your feet when you went out.
By the gate now, the moss is grown, the different mosses,
Too deep to clear them away!
The leaves fall early this autumn, in wind.
The paired butterflies are already yellow with August
Over the grass in the West garden;
They hurt me. I grow older.
If you are coming down through the narrows of the river Kiang,
Please let me know beforehand,
And I will come out to meet you
As far as Cho-fu-Sa.
§
A ESPOSA DO MERCADOR DO RIO: UMA CARTA(a partir de Li Po)
Quando era ainda curto meu cabelo sobre a fronte
Brincava junto ao portão da frente arrancando flores.
Você veio em andas de bambu, brincando aos cavalos,
Caminhando até onde eu estava, brincando com ameixas azuis.
E assim fomos vivendo na aldeia de Chokan:
Duas pequenas pessoas, sem antipatia ou suspeita.
Aos catorze, Meu Senhor, casei consigo.
Jamais me ria, de tão tímida.
Baixando a cabeça, olhava a parede.
Por mil vezes chamada nunca olhei para trás.
Aos quinze deixei de fazer carranca,
Desejei que meu pó se misturasse com o seu
Para sempre, oh, para sempre, oh, para sempre.
Porque haveria eu de subir à vigia?
Aos dezasseis você partiu,
Até à longínqua Ku-to-yen, pelo rio de redemoinhos espirais,
E já está fora há cinco meses.
Os macacos fazem um ruído dorido lá em cima.
Arrastou seus pés quando saiu.
Agora, junto ao portão, o musgo cresceu, os diferentes musgos,
Demasiado fundo para os arrancar!
As folhas caem cedo com o vento, este Outono.
As borboletas, aos pares, já estão amarelas com Agosto
Sobre a relva no jardim de oeste;
Elas ferem-me. Envelheço.
Se planeia descer pelos estreitos do rio Kiang,
Por favor deixe-me saber de antemão,
E eu sairei a encontrá-lo
Tão longe quanto Cho-fu-Sa.
Sobre EZRA POUND
Publicado por Escrever é Triste
Por ser eu Escrever, os meus Tristes deixaram-me também assinar este Está Escrito, lugar onde cada um de nós pode cantar os escritores, livros, poemas que mais nos apaixonaram na vida.
A literatura é como um altar. E nem sei
para que, Triste, quero a conjunção. Recomeço: a literatura é o altar.
Não há lugar no altar para outra coisa que não sejam heróis ou deuses.
Um poeta, um génio, um conservador
anárquico e primitivo, um espírito perverso e revolucionário, trouxe-me,
pela mão, por este caminho. Li-lhe os epigramas, os poemas que são
Cantos. Mas depois – “a cor da água depende do leito do rio, das margens que a apertam e por que ela passa”
– vi o amor a-cronológico dele pelos poetas, por Teócrito ou Yeates,
pelos mortos e pelos ainda vivos quando ele estava vivo, e descobri que
se um poeta é, então é nosso contemporâneo. Ou não é poeta. A Idade
Média é hoje e hoje é a Idade Média. A alvorada de Camões é a meia-noite
de Walt Withman. Não há épocas, não há tempo, há poetas e poemas
obsessivamente contemporâneos.
Em onze páginas que li em livro de
bolso, Ezra Pound saudou Camões. O poeta americano, fascista, cantou
Luis de Camões, poeta português, que cantou a mudança de que todo o
tempo é composto e das qualidades dessa mudança fez a sua filosofia.
Pound, naquele brevíssimo ensaio, fala
de um tempo em que o mundo se alargou. Caíra Constantinopla e cortadas
as rotas das caravanas era preciso buscar o Oriente, o mesmo Oriente que
ironicamente, agora, de novo buscamos, ou que, inocentemente, hoje nos
assalta.
Ainda o posterior Lope de Veja tinha um
pé na Idade Média e já o anterior Camões, diz Pound, é um sintoma do
tempo novo, renascentista. Arquitecto, prossegue, de uma força literária
barroca sem o qual não haveria Shakespeare – não sei se é exactamente o
que ele diz, mas é exactamente o que quero que ele diga.
Pound está a falar da poesia de Camões e de “Os Lusíadas”. Leio-vos só, entre scones e chá, este bocadinho:
“Os ingleses não terão a mais
pequena ideia da beleza da sua obra enquanto os tradutores se obstinarem
em converter cada palavra portuguesa numa palavra inglesa com a mesma
raíz latina.
A tradução de Camões com palavras de origem saxónica exigiria que se estudasse a dicção com o mesmo cuidado que o autor, mas conservando a força do original.”
A tradução de Camões com palavras de origem saxónica exigiria que se estudasse a dicção com o mesmo cuidado que o autor, mas conservando a força do original.”
Pound elabora sobre a ênfase e o esplendor do poeta português, reconhece-lhe o vigor e a integridade e conclui: “Camões é o Rubens da Poesia.”
Pound caminha sobre “Os Lusíadas” como
quem sobe pela primeira vez uma montanha. Vê na obra o sentimento da
multidão, do povo, da História daquela época. Deixa-se fascinar pela
novidade da remota geografia, pelos costumes bizarros de povos
longínquos, elogia-lhe o sopro poderoso, o prazer que se solta da
sonoridade dos versos. Pound gosta do que em português ele chama versos
simples e directos de Camões, infelizmente prejudicados pela tentativa
de conservação da ordem das rimas nas traduções que conhecia.
Mestre de uma língua e do seu ritmo,
como cada estrofe de “Os Lusíadas” atesta, exemplo de “um alto estilo
mantido ao longo de dez Cantos”, Camões é poeta de uma poesia mais
próxima da música, da pintura e da escultura do que de toda essa
literatura que não é poesia.
Afinal a poesia é o altar. Sobre ele,
como num Livro, o antiquíssimo Pound escreve o contemporâneo Camões.
Para que voltemos a lê-lo.
segunda-feira, 17 de julho de 2017
SÍLVIA PÉREZ CRUZ
Sílvia Pérez Cruz
Gallo rojo, gallo negro
Cuando canta el gallo negro
es que ya se acaba el día.
Si cantara el gallo rojo,
otro gallo cantaría
¡Ay! Si es que yo miento,
que el cantar de mi canto
lo borre el viento
¡Ay! Que desencanto,
si me borrara el viento
lo que yo canto.
Se encontraron en la arena
los dos gallos frente a frente.
El gallo negro era grande,
pero el rojo era valiente.
¡Ay! Si es que yo miento,
que el cantar de mi canto
lo borre el viento
Se miraron cara a cara
y atacó el negro primero.
El gallo rojo es valiente,
pero el negro es traicionero.
¡Ay! Si es que yo miento,
que el cantar de mi canto
lo borre el viento
Gallo negro, gallo negro,
gallo negro te lo advierto:
no se rinde un gallo rojo
más que cuando está ya muerto.
¡Ay! Si es que yo miento,
que el cantar de mi canto
lo borre el viento
domingo, 16 de julho de 2017
quarta-feira, 12 de julho de 2017
segunda-feira, 10 de julho de 2017
sábado, 12 de setembro de 2015
O Realismo Socialista na pintura
Alguns posts passados, falamos sobre a influência do realismo socialista
na música soviética. O post de hoje é dedicado a este estilo nas artes
plásticas, mais especificamente na pintura russa, que prevaleceu a
partir da vitória da Revolução de 1917, quando os pintores de vanguarda
foram considerados inadequados, até finais do século XX, tendo
influenciado, também, a arte de países alinhados à extinta URSS.
Desprezado por vanguardistas ocidentais,este movimento teve nomes significativos, tal como Ilya Repin (tomado
pelas autoridades soviéticas, a exemplo de Gorki na literatura, como
modelo a ser imitado na pintura), Vasiliy Surikov, Levitan, Nikolai
Yaroshenko, Vasily Perov, entre outros(alguns dos quais já postamos no
blog) e só perdeu força no dinal do século XX.
título da obra: Lenin e o trabalho voluntário
A
maior coleção de obras de arte do período está nos museus moscovitas.
No clip de abertura do post, através de um pequeno trecho extraído de
um disco sobre a exposição "Hino ao Trabalho - Arte Soviética da Coleção do Museu Russo"(http://rusmuseum.ru/),
pode-se confirmar tal afirmativa: só nesta exposição, foram expostas
cerca de 200 obras do Museu Russo, entre pinturas, gravuras e desenhos
decorativos, abrangendo trabalhos do período que vai até 1970, todos
ligados ao tema "indústria". O multimídia dá uma pálida ideia da
atmosfera soviética da época, mostrando vielas, heróis do trabalho e
fábricas. Infelizmente, o site fonte só disponibiliza um trecho, pois o
CD é destinado à venda.
Mais
sobre o tema julgo desnecessário, uma vez que a internet está repleta
de artigos a respeito do assunto. Seguindo o ditado russo, acredito que
mais vale olhar uma vez, do que escutar cem...daí, melhor postar
gravuras de obras representativas do Realismo Socialista, com as quais
encerro o post.
Pintor predileto de Stalin. Você pode ver seus trabalhos reunidos neste site: http://www.amgerasimov.ru/galereya/ (basta clicar nas imagens para aumentar seu tamanho).
Outro artista que me vem à mente, agora, é Victor Tchizhikov(foto
a seguir), o criador do Urso Mishka, símbolo dos jogos olímpicos de
Moscou. O artista foi um famoso ilustrador de livros infantis.

Aproveito e deixo aqui, para quem estuda russo, o livrinho "Baba Yaga", um dos clássicos infantis russos, com ilustrações do artista em foco.
Isaac Brodsky:
Govril Gorelov: obra abaixo intitula-se "Lenin e as crianças"
Aleksandr Deineka:obra a seguir intitulada "Defesa de Sevastopol"
Dmitri Maevski:
Nikolai Posdnieiev:
Aleksandr Samokhvalov:

Termino
com um quadro de autor desconhecido, pelo menos para mim, mas que tem
todas as características e espírito do período, quando se passou a dar
oportunidades de trabalho às mulheres, sem discriminações:
Fontes:
www.museum.ru
www.yandex.ru
Marcadores:
ARTE RUSSA,
ARTE SOVIÉTICA,
PINTORES RUSSOS,
REALISMO SOCIALISTA,
Realismo Soviético
Subscrever:
Mensagens (Atom)