quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Os produtores de artes

 O excelente Lichtenberg afirmou: não importa a opinião da pessoa, e sim que tipo de pessoa essa opinião faz dela. Claro que a opinião tem muita importância, mas mesmo a melhor delas não serve de nada se não tornar útil aqueles que as têm. A melhor tendência é errada se não mostra a atitude com a qual temos de segui-la. e o escritor só pode apresentar essa atitude quando faz alguma coisa: ou seja, quando escreve. A tendência é a condição necessária, nunca suficiente, de uma função organizativa das obras. Essa exige ainda o comportamento diretivo, instrutivo, daquele que escreve. Um autor que não ensina nada aos que escrevem não ensina nada a ninguém. Dessa maneira, o caráter de modelo da produção é decisivo: primeiro, deve-se orientar os outros produtores na produção e, em segundo lugar, disponibilizar-lhes um aparelho melhorado. E esse aparelho é tanto melhor quando mais consumidores levar de volta à produção; ou seja, quanto mais for capaz de transformar leitores ou espectadores em colaboradores. Já dispomos de um modelo desse tipo, mas ao qual aqui só posso fazer alusões. Trata-se do teatro épico de Brecht.”

Walter Benjamin, “O autor como produtor”, em: Ensaios sobre Brecht (trad. Claudia Abeling, Boitempo, 2017, p. 95)

 

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TRÊS CANTATAS ESCALABITANAS - Na primeira década do século XVIII, em Santarém (Portugal) foi criada a Camerata Leziriana para interpretar as composições do jovem músico Francisco Souza Mendes. Nesta obra ficcional, Jorge Ponce descreve e comenta três das Cantatas Escalabitabas que sendo afirmativa da vida, nos convocam a criar modos de existir com mais autonomia, assim fazendo crescer a nossa potência de sentir, pensar e agir.
10,00€ + porte de envio. Para receber um ou mais…
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A OBRA DE ARTE

 

“Em vez de perguntar: “Como a obra se situa adiante das relações de produção da época?”; “Ela está de acordo com essas relações, é reacionária, ou aspira sua transformação?”; “É revolucionária?”. Em vez dessas perguntas, ou pelo menos antes delas, sugiro outra. Antes de perguntar como uma criação poética se situa diante das relações de produção da época, eu gostaria de questionar como ela se situa dentro delas. Essa pergunta mira diretamente na função da obra dentro das relações de produção literária de uma época. Em outras palavras, ela mira diretamente na técnica literária das obras.”

Walter Benjamin, “O autor como produtor”, em: Ensaios sobre Brecht (trad. Claudia Abeling, Boitempo, 2017, p. 87.