sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

ARTE PROCESSUAL

novo mundo
INTERATIVIDADE
Da arte-processo ao processo-arte
Por Roberta Alvarenga
 
Mostras de webarte e VJs em galerias apontam a necessidade de revisão dos juízos estéticos

Os tempos mudaram e a arte não é mais para ser vista. Bio art, web art, net art e ambientes imersivos (voltados para a rede ou não) exploram um outro tipo de virtualidade que demanda interação ao invés de contemplação e introspecção.
O artista romântico morreu, não se trata mais apenas de um ser criativo com extrema sensibilidade, dotado de "dons" e visão particular do mundo. O novo artista agora é um mix de pesquisador com cientista, que faz ou contrata para fazer, que se não possui ferramentas necessárias as cria, recria, programa, desenvolve, imagina e constrói.
A obra não é mais o resultado, agora é o processo; a contemplação não é mais sinônimo de observação e sim de experimentação/interação.
Para os artistas do século 21, o computador não é apenas mais uma ferramenta, é a ferramenta das ferramentas. Por meio dele, dados, cores, imagens, sons, vídeos, DNA e etc. são manipulados e somados às suas pesquisas, resultam em novos conceitos e práticas que um dia foi ficção no melhor estilo.
Inspirados pela imensa possibilidade de criação deste "admirável mundo novo" reúnem-se vez ou outra para mostrar e discutir seus projetos. Encontros, seminários, simpósios, workshops e festivais congregam todos aqueles que têm propostas para divulgar, promover e incentivar as manifestações que se utilizam da linguagem eletrônica.
Os últimos meses parecem mesmo comprovar que esses eventos vêm ganhando espaço e se tornando cada vez mais necessários. Como o Arte e Pesquisa 2003 - 3º Encontro Internacional de Arte e Tecnologia, realizado em julho na UnB (Universidade de Brasília).
Nos três dias de imersão total os artistas-pesquisadores apresentaram seus trabalhos/projetos, falaram de novas tendências, de tecnologias e das dificuldades técnicas, lógicas e financeiras, o que aparentemente não os impede de continuar a produzir.
Basta mencionar alguns para desfazer qualquer dúvida, e aí vão eles: “Trambula”, de Tânia Fraga, que visa implementar um caminhão midíatico para divulgar a arte contemporânea por todo o território nacional; “PocketCave”, de Diana Domingues, que construiu um sistema de realidade virtual portátil, e “Bodyarchitecture”, de Rejane Cantoni, que explora a computação ubíqua, realidade virtual, realidade aumentada e bits tangíveis, dando continuidade a investigações iniciadas com o importante projeto “OPE_RA”, realizado com Daniela Kutschat, premiado no Transmídia do Itaú Cultural em 2002.
Neste clima de vitrine do universo arte hi-tech, recentemente, pudemos acompanhar também a 4º edição do FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica), uma iniciativa independente organizada por Paula Perissinotto e Ricardo Barreto, no Paço das Artes (Cidade Universitária – USP), que resultou em uma mostra composta de Exposição, Hypersonica e Symposium, em agosto.
Assim como o Arte e Pesquisa 2003, o FILE foi intenso. Temas diversificados referentes aos estudos e pesquisas ligados às “novas” artes e cultura digital foram o foco das abordagens dos artistas-teóricos presentes.
Na noite de abertura do Symposium, em 19 de agosto, no Centro Cultural Britânico, para um auditório lotado, Lúcia Santaella falou sobre os desafios do pós-humano, destacando:
"Em tempos de mutação temos que ficar perto dos artistas, pelo simples fato de que parafraseando Lacan, eles sabem sem saber que sabem. Semelhante a este, há um dictum de Goethe que vale a pena mencionar: ‘Há um empirismo da sensibilidade que se identifica muito intimamente com o objeto e assim se torna propriamente falando, teoria. É de fato uma espécie de teoria não verbal e poética que os artistas criam na sua aproximação sensível dos enigmas do real’. Por isso, sou movida pela convicção de que, nessa entrada do terceiro ciclo evolutivo da espécie humana, temos de prestar atenção no que os artistas estão fazendo. Pressinto que são eles que estão criando uma nova imagem do ser humano no vórtice de suas atuais transformações. São os artistas que nos têm colocado frente a frente com a face humana das tecnologias".
Na semana que se seguiu os artistas brasileiros e estrangeiros delinearam o mapa da arte e tecnologia no país ao apresentarem seus trabalhos. E provaram que realmente merecem atenção. “Corpos Informáticos”, de Maria Beatriz Medeiros, por exemplo, vem pesquisando performance e telepresença (presença em tempo real, ou quase real, mediada pela tecnologia), por meio do uso de softwares como o netmeeting e i-visit.
Destaque também para a rigorosa investigação experimental sobre interfaces coevolutivas e processos de comunicação entre corpo que dança e computador de Rachel Zuanon. A artista apresentou seu projeto que envolve a captação de sinais cerebrais, um estudo complexo que esbarra nas barreiras do corpo, arte e ciência.
Com essa pauta e mais arte wireless, realidade virtual, novo cinema e direitos autorais, o FILE Symposium, seguiu durante a terceira semana de agosto, onde foram apresentadas 20 palestras, 4 mesas redondas e 3 performances.
Voltando à agenda do evento, no dia 16 foi a vez do Hypersonica, uma versão performática onde Djs e Vjs apresentaram suas mais novas criações em tempo real.
Essas vídeo-performances, que até pouco tempo atrás eram apresentadas em espaços expositivos diferentes ao do mundo das artes, vêm se tornando cada vez mais comuns. Geralmente apresentadas como “algo” a mais no clubs e discotecas da noite paulistana, Vjs e Djs, responsáveis pelo “show”, agora são artistas.
Segundo o VJ Alexis, que se apresentou nessa primeira edição na tarde de sábado, também no Paço das Artes, "o Hypersonica é só a ponta do iceberg que está surgindo no horizonte artístico brasileiro. Faço performances repentistas com imagens há quatro anos, mas somente agora abrem-se espaços institucionais para esse tipo de proposta. Parece que o mainstream artístico 'erudito' sempre leva alguns anos para entender o que o ‘underground’ está fazendo".
Na noite do dia 13, quarta-feira, foi inaugurada a Exposição da 4ª edição do FILE. Ambiente fechado, teto baixo, espaço escuro sem iluminação, telas brancas presas no teto (para receber a projeção de imagens) e seus respectivos computadores espalhados pelo ambiente, causaram uma certa vertigem em quem por ali passou.
O visitante foi convidado a interagir através do “tradicional desktop”. As “obras” ali “arquivadas” sem texto introdutório ou resumo o deixaram sem saber em que trabalho clicar. A alternativa/solução mais moderna e confortável é a versão site, que nos permite acessar os trabalhos de qualquer lugar do globo, a qualquer hora e data.
Em meados de setembro foi a vez da exposição “Imagem não Imagem”, com curadoria de Christine Mello, aberta na Galeria Vermelho. Este evento serviu para acentuar a reflexão sobre a arte eletrônica em espaços institucionais.
Tratava-se de uma exposição sobre o próprio ato criativo, em que os artistas e grupos (Bruno de Carvalho, Lucas Bambozzi, Luiz Duva, Neide Jallageas, Simone Michelin, Spetto, grupos, Corpos Informáticos, feitoamãos/F.A.Q. e NeoTao) foram convidados para criar a partir de procedimentos e etapas comuns:
1. Todos deveriam assistir o filme “Complemento Nacional”, de Arlindo Machado (1978), e de acordo com as idéias conceituais nele apresentadas, associar um trabalho pessoal preexistente ou não.
2. Os trabalhos selecionados foram reunidos sob a forma de um banco de dados coletivo.
3. O banco de dados foi disponibilizado e oferecido à (re)criação da matéria comum.
"Embora os criadores envolvidos tenham tido acesso a um mesmo contexto conceitual e a um banco de dados comum de imagens e sons, é possível observar as mais distintas formas de abordar estas realidades. A exposição diz respeito, assim, a mostrar instâncias da criação possibilitadas pela recombinação do discurso das mídias, capaz de nos oferecer linguagens híbridas, bem como novas modalidades de circulação da imagem", afirma Christine Mello no folder da exposição.
Aos que pretendem visitar a mostra, apenas para lembrá-los, não se esqueçam que os trabalhos apresentados estarão em formato vídeo, já que as apresentações do procedimento número 3 foram ao vivo. Quem esteve presente acompanhou performances que agora já não podem ser mais experimentadas da mesma forma. Os trabalhos se tornaram documentações.
A pergunta é: se os trabalhos não são mais os mesmos, e há muito tempo já extrapolaram a questão do limite físico, devemos continuar a exibi-los da mesma maneira de séculos atrás?
Parece-me que estamos presos ao velho paradigma da exposição...
Já que os tempos mudaram, e nada mais é como antes, temos que repensar a maneira como eles devem ser exibidos. A palavra “exposição” possui um significado antigo, de museologia, que nos remete a idéia de quadros pendurados nas paredes e esculturas apoiadas, onde a documentação torna-se a obra, ignorando o que faz, desse tipo de arte, arte: o processo.
link-se
Tânia Fraga http://www.lsi.usp.br/~tania/tania.htm
Diana Domingues http://artecno.ucs.br
OP_ERA http://www.op-era.com
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica http://www.file.org.br
Corpos Informáticos - http://www.corpos.org
Rachel Zuanon - http://www.zuannon.com.br/
VJ Alexis http://www.vjalexis.com.br
Galeria Vermelho http://www.galeriavermelho.com.br
Bruno de Carvalho - http://www.desobdc.hpg.ig.com.br/bdc.html
Lucas Bambozzi - http://comum.com/lucas/works/
Neide Jallageas - http://www.neidejallageas.hpg.ig.com.br
Simone Michelin http://www.smichelin.art.br/
NeoTao http://www.chez.com/neotao/neotao.htm
Roberta Alvarenga
É pesquisadora visitante da Ohio State University (EUA) e aluna do curso de tecnologia e mídias digitais da PUC-SP.

 
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Land art: o que é?

Júlia Pellizzari, Pedro Cursi e Pedro Lavigne

A Land Art, também conhecida como Earth Art ou Earthwork é um tipo de arte onde o terreno natural é alterado pelo homem, tornando-se ele mesmo, a própria obra de arte. Grandes partes de terra são removidas e recolocadas em novos locais, alterando profundamente a paisagem natural.

A Land Art surgiu no final da década de 60, em parte como consequência de uma insatisfação crescente em relação a monotonia cultural, em parte como expressão de um desencanto relativo à sofisticada tecnologiada cultura industrial, bem como ao aumento do interesse às questões ligadas à ecologia. O conceito estabeleceu-se numa exposição organizada na Dwan Gallery, Nova York, em 1968, e na exposição Earth Art, promovida pela Universidade de Cornell, em 1969.

LAND ART

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Morreu Wu Guanzhong, "o pai da arte moderna chinesa"

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China

Morreu Wu Guanzhong, "o pai da arte moderna chinesa"

O pintor Wu Guanzhong, considerado o pai da arte moderna na China, morreu num hospital de Pequim, na sexta-feira, com 91 anos.
Wu Guanzhong, cujos quadros procuravam integrar as técnicas tradicionais com a pintura ocidental, estudou em França na década de 1940 e mais tarde ensinou na Escola de Belas Artes da Universidade Qinghua, em Pequim.
No ano passado, quadros de Wu Guanzhong foram leiloados por 31,7 milhões de dólares, referiu a agência noticiosa oficial chinesa.
Wu Guanzhong nasceu em 1919, em Yixing, província de Jiangsu, leste da China.
Ao longo da sua vida doou vários quadros a museus, realçou um filho do artista.
Um das últimas doações foi na própria sexta-feira, quando Wu Guanzhong ofereceu cinco pinturas a tinta-da-china a um museu de Hong Kong, disse a agência noticiosa oficial chinesa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018



"O cinema português é uma verdadeira tragédia. Não há como disfarçar"

Com um novo filme nas salas de cinema, o realizador António-Pedro Vasconcelos é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.

 
Notícias ao Minuto
Há 4 Horas por Fábio Nunes 
Cultura A.P. Vasconcelos
'Parque Mayer' é o 11.º filme realizado por António-Pedro Vasconcelos e estreia esta quinta-feira. O filme, como o título indica, presta homenagem à revista, ao Parque Mayer e a todos aqueles que por lá têm passado nas mais diversas funções. Uma homenagem que tem um valor ainda maior se tivermos em conta o período focado nesta longa-metragem: a década de 30, os primeiros anos do Estado Novo, a censura que invadiu a sociedade e a cultura de então.
Na conversa que teve com o Notícias ao Minuto, António-Pedro Vasconcelos fala sobre o novo filme que, embora sendo de época, faz um paralelismo com a atualidade e aborda a sua longa carreira como realizador, marcada por trabalhos que procuraram captar a realidade portuguesa.
O estado do cinema em Portugal foi outro dos temas desta entrevista. "O cinema português não existe, nunca existiu", afirma António-Pedro Vasconcelos, desiludido com a falta de apoio dos sucessivos governos à Sétima Arte.
Encontrámos o realizador no Âmbito Cultural do El Corte Inglés, em Lisboa, espaço onde, entre outras iniciativas de cariz cultural, estão a decorrer vários cursos (cuja inscrição é gratuita) sobre história, história da arte, ciência ou história do cinema. Este último está a ser leccionado por António-Pedro Vasconcelos. São 11 aulas nas quais o cineasta traça o percurso das diferentes décadas do cinema, passando pelo cinema mudo e pela mudança para o sonoro, e salientando os caminhos que o cinema europeu e americano seguiram.
Como surgiu a ideia para fazer o ‘Parque Mayer’?
É a primeira vez que é uma ideia proposta pelo produtor, o Tino Navarro. É uma ideia que vai ao encontro de dois filmes que eu queria fazer. Há muito tempo que eu queria fazer um filme que se passasse em Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial, durante o fascismo mas que se passasse no meio do fado. Não queria uma personagem muito conhecida. Não quis fazer um filme sobre a Amália nem sobre o Alfredo Marceneiro. Quis fazer sobre uma personagem secundária, um autor de letras, um guitarrista. Quis fazer um filme que fosse ao mesmo tempo uma homenagem ao fado, de que gosto muito e sobretudo nessa época, mas também que fosse uma forma de falar sobre o que foi o fascismo em Portugal, da ditadura, da cumplicidade com a Alemanha, a ambiguidade do Salazar durante a guerra, as perseguições. Por outro lado, queria fazer um filme sobre uma jovem actriz que se apaixona por um encenador mais velho.
O Tino Navarro perguntou-me ‘Porque é que não fazemos um filme sobre o Parque Mayer, que é algo que foi importantíssimo em Portugal e nunca foi feito?’, sendo que os autores e actores da comédia portuguesa, que é o melhor do cinema durante quase meio século de salazarismo, vinham todos de lá. Ele sugeriu que nos focássemos no período de consolidação do Estado Novo, em 1933, com a aprovação da Constituição. Ele deu-me a ideia de fazer um filme que também tivesse algum eco nas pessoas actualmente, porque o que se está a passar no mundo é extremamente inquietante e é muito parecido com o que se passou naquela altura. As pessoas sem darem por isso um dia acordaram e tinham a PIDE e a censura. O Parque Mayer era o sítio onde havia a tradição da sátira política, da crítica de costumes e que era muito popular, interclassista, democrático e onde havia um sentido de liberdade muito grande. De repente, a Constituição de 1933 foi aprovada de forma anti-democrática, com uma grande máquina de propaganda e sem oposição. Quisemos mostrar como de uma maneira não-violenta se instalou a violência. O filme tem essas duas componentes.
O filme passa-se durante a produção de uma nova revista, desde o processo inicial, a escolha dos actores, o processo de escrita, os ensaios, até à apresentação. E obviamente há conflitos e relações entre os principais protagonistas. O filme tem este contexto mas tem as histórias das relações de pessoas que acontecem sempre. Situações de amor, de ódio, de ruptura, são ingredientes comuns a quase todos os filmes.
A revista conseguiu manter uma certa irreverência apesar da censura. Havia muitas piscadelas de olho e as pessoas faziam passar as mensagens por subentendidos que os censores na primeira sessão não percebiam
Como referiu, o filme centra-se num período inicial da ditadura que não tem sido muito explorado no cinema nacional. Sendo o Parque Mayer um palco de revista, que tem uma dimensão tão social, pode-se dizer que ilustra de forma muito fidedigna Portugal na década de 30?
Ilustra de uma certa maneira como era a comédia desses anos. A revista teve períodos de maior esplendor. Acho que isso teve a ver com gerações, as primeiras gerações dos grandes actores. O Vasco Santana, António Silva, Estêvão Amarante, várias cantoras como a Amália, a Hermínia, que nessa primeira época dos anos 30 foram muito famosos e que depois foram desaparecendo. Voltou uma nova geração com o José Viana, o Raul Solnado, a Mariema. Houve vários períodos e a revista conseguiu manter uma certa irreverência apesar da censura. Havia muitas piscadelas de olho e as pessoas faziam passar as mensagens por subentendidos, por pequenas marotices que os censores na primeira sessão não percebiam.
Para o regime também acabava por ser um escape porque era uma crítica a rir, não era política. Mas obviamente alguns números foram cortados pela censura, foram cortadas certas partes. Foi uma luta muito dura e o filme é dedicado a todos aqueles que durante esse anos mantiveram o Parque Mayer vivo e com alguma rebeldia.
Notícias ao MinutoEm 'Parque Mayer', António-Pedro Vasconcelos debruça-se sobre os primeiros anos do Estado Novo. Um período pouco abordado no cinema nacional© El Corte Inglés
Este filme surge num contexto global em que a democracia e a liberdade são valores ameaçados. Tendo em conta os temas que ‘Parque Mayer’ aborda, era importante traçar um paralelo com o momento que estamos a viver?
Foi a ideia do Tino Navarro, a minha e a do argumentista, o Tiago Santos. Também quisemos aproveitar este período. Podíamos ter feito um filme sobre o que se passa hoje, mas era mais difícil. Em relação ao fascismo temos a memória histórica, sabemos que aquilo se passou num clima em que muitas pessoas estavam fartas dos partidos, da democracia, da balbúrdia, do parlamentarismo. Só viam esse lado negativo e acolheram com alguma passividade e até com alguma euforia, em certos casos, as novas ditaduras. Isso aconteceu aqui, em Itália, na Alemanha, Espanha, em muitos países. Era mais interessante para mim recordar esses tempos e as pessoas que façam o paralelo com a actualidade. Porque hoje, apesar de tudo, o fascismo ainda não aconteceu, vivemos em liberdade. Mesmo com estes monstros que surgiram agora como o Trump ou o que aconteceu no Brasil, que foi monstruoso e não sabemos ainda no que vai dar.
Alguns países da Europa também sentem essa tentação, governos de extrema-direita que são cada vez mais populares. Há essa ameaça mas pelo menos ainda continua a haver democracia, há separação de poderes, eleições. Em Portugal concretizou-se e achei que era mais interessante falar dessa época porque não se costuma falar no cinema português e ao mesmo tempo alertar, digamos assim.
A seguir a Salazar, o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas foi a coisa mais terrível que se abateu sobre Portugal
Realizou ‘Perdido Por Cem’ e ‘Os Imortais’, filmes que abordam o tema da guerra colonial, as suas consequências. Tal como acontece em ‘Parque Mayer’, com a questão da ditadura, são temas que não são muito abordados no cinema português, apesar do longo período do Estado Novo. Porque é que o faz?
Faço-o porque é da minha índole, faço-o espontaneamente. Os meus primeiros filmes são mais pessoais, mais confessionais. É normal. A saída da adolescência, a juventude, enfim. Mas com o passar do tempo comecei a interessar-me mais por problemas concretos que se passam à minha volta. Ainda assim, o meu primeiro filme, sendo muito concreto, muito confessional - de certa forma as minhas personagens principais nos meus três primeiros filmes, ‘Perdido Por Cem’, ‘Oxalá’ e ‘Lugar do Morto’, são uma espécie de alter ego - mas mesmo assim é um filme sobre aquela época, o lado negro do país, a vontade de ir embora e a guerra colonial. Tudo isto com os problemas que a censura inevitavelmente iria levantar e portanto são dados de maneira não muito directa, é todo um clima.
O ‘Oxalá’ já é feito em liberdade mas é uma reflexão. Aliás, o filme podia chamar-se ‘A Ressaca’ porque é a ressaca do 25 de Abril. Foi uma época em que algumas ilusões se esbateram e o país entrou numa espécie de normalidade. Por um lado ainda bem, mas na Esquerda ainda havia alguns resquícios de sonhos revolucionários. É um cinema político. Mesmo o ‘Lugar do Morto’ é um filme muito focado naquela época. Foi um período em que as coisas mudaram, os hábitos de consumo mudaram, começam a haver muitos mais divórcios, as famílias a desagregarem-se, as pessoas começam a ter dois empregos.
A partir daí, e com a excepção do ‘Aqui d’El Rei!’, os meus filmes são muito marcados pela realidade à minha volta. ‘Os Imortais’ é uma reflexão sobre a guerra, sobre os efeitos da guerra. Depois fiz um filme sobre a ascensão do neo-liberalismo e a corrupção, o ‘Call Girl’.
Durante o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, que a seguir a Salazar foi a coisa mais terrível que se abateu sobre Portugal, foi um ataque directo às pessoas com fins completamente políticos e que serviu de biombo para vender o país, com privatizações feitas à pressa e por valores absolutamente irrisórios, fiz ‘Os Gatos não Têm Vertigens’ que é uma reflexão sobre isso. Não foi um filme panfletário, eu não quero fazer isso, mas foi ao encontro da sensibilidade e da preocupação das pessoas. Queria transmitir-lhes uma mensagem de solidariedade. O filme foi bem recebido pelas pessoas, porque trata-as bem e naquela altura as pessoas estavam a ser mal-tratadas. Dos meus trabalhos mais recentes, o ‘Amor Impossível’ é o que tem um lado social menos vincado.
Acho que é quase impossível um filme corresponder a 100% ao que se planeia
Quando percebeu que estava apaixonado pelo cinema e que a sua vida tinha de estar ligada a esta arte?
Relativamente novo, direi. Entre os 18 e os 20 anos. Acho que a minha vida se decidiu aí. Os meus pais sempre perceberam que eu tinha uma costela artística, fantasista, criativa. Nós tínhamos de escolher no 6º ano de então se íamos para a área de ciência ou de letras, obviamente escolhi as letras e ou ia para professor universitário ou para advogado ou juiz. O meu pai e o meu avô eram juízes, portanto acharam que eu devia seguir essa carreira mas simplesmente não tinha vocação para isso. Andei três anos em Direito e acho que ao todo fiz três cadeiras. Ia para as aulas e levava jornais para ler por debaixo da mesa e queria que as aulas acabassem para ir ao cinema.
Tinha muito jeito para o desenho e cheguei a fazer capas para livros de banda desenhada mas não era o que me interessava. Queria contar histórias. A opção era escrever ou o cinema e o cinema foi uma novidade para mim. Quando era pequeno vi muito poucos filmes, quando vim para Lisboa para a faculdade é que comecei verdadeiramente a ir ao cinema.
A minha primeira atracção pelo cinema nem foi pela realização. No caso dos livros, eu lia-os por causa dos autores mas nos filmes via-os por causa dos actores porque representavam um determinado tipo de carácter. Por exemplo, o James Dean, o James Stewart, o Montgomery Clift. O facto de ser possível contar histórias sem ser por intermédio da escrita mas directamente, filmando-as, mostrando-as na realidade e em carne e osso, nos décores reais, foi isso que me atraiu. Depois encontrei um grupo de colegas muito cinéfilos e começámos todos a ver cinema. Mais tarde, tive a sorte de ir para Paris e ficar fechado na cinemateca durante dois anos e ver uma média de mil filmes por ano. Fiquei com essa paixão.
Uma mulher bonita não pode ser boa actriz, isso é um preconceito horrível
É muito autocrítico relativamente ao seu trabalho?
Sou. Sou muito autocrítico na altura e também quando revejo os filmes. São dois momentos diferentes. O momento que se segue à conclusão do filme é mais a quente e temos presente aquilo que foram as filmagens, a preparação. Há coisas que aprendo e digo ‘Epá isto para a próxima há certas circunstâncias que têm de se evitar, certos riscos’. Vendo depois é diferente. Porque é outra época, temos outra idade, outra forma de olhar para os filmes, portanto eu procuro ser crítico mas tendo em conta que o filme foi feito num determinado período da minha vida, da história do cinema, de Portugal.
Custa-me muito quando há pequenas coisas que não beneficiaram o filme e que teria sido fácil evitar. Mas acho que não há nenhum realizador, mesmo os mais rigorosos, que fiquem 100% satisfeitos. Acho que é quase impossível um filme corresponder a 100% ao que se planeia. Às vezes saem coisas melhores do que se previu, mas ser rigorosamente o que se planeou é impossível porque um filme é muito caro, o dinheiro é algo muito condensado na fase da realização e cada hora de filmagem custa uma fortuna, nos Estados Unidos então nem se fala.
Há muitos condicionalismos, dependemos de muitas pessoas. Nas filmagens exteriores dependemos de vários factores, como o clima, por exemplo. Tem que haver um sentido de compromisso, soluções e planos B para momentos em que não temos as condições ideais para filmar e fazemos algo que não nos envergonhe nem nos desagrade.
O filme enquanto está numa lata ou numa pen é como ‘A Bela Adormecida’, fica à espera do beijo do príncipe e o príncipe é o público
Dos filmes que realizou até hoje, qual é o seu preferido?
Eu fiz 11 filmes e é como se tivesse 11 filhos. Há alguns com os quais temos mais afinidades, mas gosto de todos com os defeitos que têm. Muitas pessoas gostam mais do meu primeiro filme, o ‘Perdido Por Cem’, eu gosto mais do segundo. O ‘Oxalá’ é um dos filmes de que mais gosto. O ‘Lugar do Morto’ foi um caso de popularidade incrível. Gosto muito do ‘Aqui d’El Rei!’ porque é o primeiro filme em que amadureço e foi feito com condições profissionais, com meios e actores fora de série. Foi um desafio e um filme muito bem conseguido. Gosto muito d’ ‘Os Imortais’ também. Eu estou a reparar que é praticamente um filme em dois. ‘Perdido Por Cem’ e ‘Oxalá’, prefiro o ‘Oxalá’. ‘Lugar do Morto’ e ‘Aqui d’El Rei’, gosto mais do segundo. ‘Jaime’ e ‘Os Imortais’, gosto mais d’ ‘Os Imortais’. ‘Call Girl’ e ‘A Bela e o Paparazzo’, gosto mais do último. Acho que é dos meus melhores filmes. Foi um pouco desconsiderado porque é uma comédia que é um género desprezado. Há dois preconceitos no cinema português que me fazem confusão. Um é relativo à comédia e o outro contra as mulheres bonitas e sexys. Uma mulher bonita não pode ser boa actriz, isso é um preconceito horrível. Fiz cinco filmes com o Nicolau Breyner que era um actor muito popular, mas considerado um actor cómico. Quis provar que ele era um actor que podia fazer tudo. Com a Soraia Chaves fiz três filmes. As pessoas consideram-na bonita de mais para ser actriz.
Se tivesse de escolher, acho que escolho o ‘Oxalá’, ‘Os Imortais’, ‘Os Gatos não Têm Vertigens’ e provavelmente o ‘Parque Mayer’. Mas este ainda não posso saber. As pessoas perguntam-me se estou contente e eu digo que estou, mas só sei verdadeiramente depois do filme ser projectado e depois de as pessoas verem. Sempre defendi que o público faz parte da banda sonora e um filme só ganha vida depois de ser projectado. O filme enquanto está numa lata ou numa pen é como ‘A Bela Adormecida’, fica à espera do beijo do príncipe e o príncipe é o público. Normalmente, depois da estreia vou sempre a duas ou três sessões, de forma anónima, entro no escuro. Para ver se as pessoas se riem no momento certo, se fazem silêncio nos momentos mais emotivos e nós sentimos a sala. Quando há coisas que se repetem, percebemos se temos o público na mão, se o conquistámos. Há uma altura em que eu próprio consigo ver o filme como se fosse um espectador.
Eu costumo dizer que a história do cinema português é a história dos filmes que não se fizeram
Há algum tema, algum projeto antigo que ainda não tenha concretizado?
Há muitos, nomeadamente sobre a guerra colonial. Há outro projecto que no fundo acabou por ser transformado neste do ‘Parque Mayer’, mas não é exactamente a mesma coisa. É um filme sobre os anos duros do fascismo e aquela fase da guerra. Depois há uma adaptação de uma história da vida do Stendhal que quero fazer muito, há um projecto a partir de um romance que se passa durante a guerra civil espanhola, outro sobre as invasões napoleónicas.
Há muitos projectos que gostava de concretizar e depois há outros que vão surgindo. Quando foi a época do Passos Coelho, o período mais duro da democracia portuguesa, surgiram-me várias ideias para filmes como ‘Os Gatos não Têm Vertigens’. Hoje em dia se calhar não faria aquele filme, os tempos são outros. É sobretudo a percepção do futuro, não tanto em termos de Portugal, mas em termos do estado do mundo. Fenómenos como o Trump, o Bolsonaro, os ditadores dos países mais orientais, a China, a Rússia, o Kim Jong-un, o Bashar al-Assad. As ameaças ao planeta, tenho uma ideia para fazer um filme sobre isso. Tenho já alguns scripts desenvolvidos. Há ainda uma ou outra adaptação de romances portugueses que gostava de fazer. Não vou fazer nem um décimo dos projectos que tenho, mas são os que surgem na altura e que me parecem ter mais viabilidade.
O cinema português é uma verdadeira tragédia. Não há como disfarçar isto
Como analisa o panorama do cinema em Portugal atualmente?
Ui, meu Deus! Não é actualmente, o cinema português não existe, nunca existiu! Costumo dizer que a história do cinema português é a história dos filmes que não se fizeram. Durante quase 50 anos por causa do fascismo, depois do 25 de Abril porque foi o único campo onde a democracia não chegou. Manteve-se o paradigma do António Ferro e depois do Marcello Caetano de que o Estado obriga a investir no cinema. Mas depois chama a si a decisão de quem pode filmar ou não. Isto é uma coisa própria de ditadura, não de uma democracia. Ninguém imaginaria que o Governo, o ministro da Cultura, decidisse todos os anos quem é que escreve ou quem é que toca. Este ano o júri que eles escolhem não gosta do Lobo Antunes ou não gosta da Lídia Jorge, portanto não os deixam escrever. É evidente que o cinema é outra coisa porque precisa de dinheiro, mas ninguém imagina que o Estado chame a si a decisão final sobre os destinos do cinema, dos cineastas e daquilo que o público tem direito a ver.
Nós somos, provavelmente, a cinematografia mais pobre do mundo, seguramente a mais pobre da Europa, a que tem menos espectadores para os filmes portugueses, dez vezes menos, somos o único país em que o Estado não mete um tostão no cinema nem na televisão. Nunca ganhámos um grande prémio em Cannes, Berlim ou Veneza, quando a Mauritânia e o Camboja já ganharam, por exemplo. Nunca tivemos sequer uma nomeação para um Óscar.
Os nossos filmes não se vendem e não têm receitas no estrangeiro, portanto o cinema português é uma verdadeira tragédia. Não há como disfarçar isto. Apesar de alguma crítica querer lançar nuvens para parecer que somos muito prestigiados lá fora, o que desde logo é uma coisa extraordinária, então e cá dentro? Cá dentro os primeiros espectadores deviam ser os nossos, como acontece em todo o lado. E depois isso dar-nos-ia uma projecção no exterior, que é o que todos aspiram. Mas é uma mentira, que os números comprovam. Espero que esta ministra abra os olhos e consiga fazer qualquer coisa ou pelo menos lançar as bases para o próximo Governo fazer qualquer coisa porque isto é uma tragédia.
Notícias ao MinutoNão faltam ideias para futuros filmes ao realizador© El Corte Inglés
Ainda assim, nos últimos anos tem surgido uma nova vaga de realizadores que têm tido sucesso, como, por exemplo, o João Salaviza e a Leonor Teles. Considera que o futuro da realização em Portugal está em boas mãos?
Muito mal, com muita apreensão. Não gosto de falar de colegas em particular, mas há algo que é gravíssimo. Esta nova geração alheou-se do público. O público é visto como uma espécie de inimigo. Criou-se esta dicotomia completamente bárbara entre cinema de autor e cinema comercial, que é algo completamente arbitrário e absurdo. Não faz sentido.
Acho que é uma tendência das novas gerações para fazer um cinema muito autista, com preocupações estéticas e com desprezo pela narrativa e os resultados estão à vista. Há filmes, este ano ou no ano passado, que fizeram 44 espectadores no país inteiro. O público não será tudo, não é o único critério mas também não ter público não é certamente critério. Acho que não há nem um quadro legal nem mentalidade para mudar as coisas. Tenho uma grande experiência de ter tido alunos cheios de talento e que desesperam porque não conseguem filmar. Há muito pouco dinheiro.
Qual a importância de cursos como este para aproximar as pessoas do cinema, para o promover, numa altura em que há cada vez menos pessoas a irem às salas de cinema?
Dei aulas durante muitos anos em vários sítios e workshops também, e esta é a experiência mais gratificante que tive como professor. Muitas vezes nas escolas há alunos que estão lá e podiam estar noutra coisa, a atenção não é a mesma. Aqui, de uma forma geral, tenho tido alunos com um interesse enorme em aprender e é um desafio porque tenho de explicar uma arte que tem mais de um século de história, com os milhões de filmes que se fizeram, com as variedades de cinematografias, de géneros, de autores, de épocas, e tenho de tentar ir ao essencial.
No fundo, tenho 24 horas para dar o curso e não é só conversa. Tenho de mostrar muitos excertos de filmes, mostrar fotografias, documentos e preciso de ter um grande poder de síntese nos grandes períodos da história do cinema e explicar porque é que aconteceram, porque é que o cinema evoluiu desta forma, porque é que o cinema americano atingiu a hegemonia que tem, porque é que houve períodos em que a Europa teve um grande cinema e outros em que não teve, porque é que os géneros se impuseram a partir de dada altura, a própria evolução das tecnologias e o efeito que isso teve. Dar uma ideia às pessoas de como o cinema evoluiu e porque evoluiu. E na última aula chamo sempre a atenção para os grandes génios, os grandes mestres do cinema.
A minha ideia é que os alunos vejam outros filmes e que o façam com outros olhos e que isto seja apenas uma espécie de trailer, que abra o apetite às pessoas para irem mais longe. Eu adoro ensinar, adoro aprender quando as pessoas têm algo para me ensinar. Acho que faz parte da minha obrigação transmitir aos outros o que aprendi.
O programa do curso percorre as diversas décadas, os movimentos importantes, os progressos técnicos e realça a separação entre o cinema americano e o europeu. As diferenças entre o cinema americano e o europeu têm-se acentuado cada vez mais?
A história do cinema é a história da relação entre o cinema europeu e o cinema americano. Genericamente europeu porque houve períodos em que foi o cinema francês, o cinema alemão, o russo ou o italiano. Mas há uma forma europeia de olhar para o cinema que é diferente da americana. Mas a história do cinema, nos seus períodos mais ricos, foi precisamente através de uma espécie de fusão entre os dois. Houve épocas em que o cinema americano marcou muito o cinema europeu, outras em que o cinema europeu marcou o americano. A geração dos anos 70 é completamente marcada pelo cinema europeu e pelo japonês também.
Acho que está cada vez mais acentuado na medida em que, do ponto de vista do mercado, os americanos dominam completamente. Esse alheamento que o cinema europeu em geral, e o cinema português em particular, teve relativamente ao público foi fatal. Passaram a querer combater o cinema americano através da guerrilha, em vez de ser no mesmo terreno, e deixaram o cinema para os tarefeiros e para um cinema que têm um potencial muito maior de falar aos espectadores que é o cinema americano.
Há muitos produtores europeus que não têm alma, os grandes autores europeus desapareceram e há cada vez mais uma hegemonia do cinema americano que tem efeitos negativos quer do ponto de vista comercial, quer do ponto de vista criativo. Mas também porque vivemos de sonhos importados. O cinema produz sonhos, faz as pessoas sonhar e nós estamos a pensar da forma americana, o que não é propriamente muito bom. Em Portugal, 90% ou mais dos filmes que estão no cinema são americanos. As pessoas quase confundem cinema com o cinema americano. É um pleonasmo para os jovens.

domingo, 2 de dezembro de 2018

John Berger

 John Berger

John Berger nasceu em Londres em 1926. É um contador de histórias, ensaísta, novelista, argumentista e crítico. É um dos escritores mais influentes a nível internacional dos últimos cinquenta anos, que explorou a relação entre o indivíduo e a sociedade, cultura e política e experiência e expressão, numa série de livros, peças de teatro e filmes.
Entre os seus inúmeros livros, inovadores quanto à forma e apresentando uma ampla perspetiva histórica e política, destacam-se o romance G., vencedor do Booker Prize, To the Wedding e King. Figuram entre os seus estudos mais importantes sobre arte e fotografia Another Way of Telling, The Success and Failure of Picasso, Titian: Nymph and Shepherd e o internacionalmente aclamado Ways of Seeing.
Vive e trabalha numa pequena comunidade rural dos Alpes Franceses, o cenário escolhido para a sua trilogia Into Their Labours. Publicou em 2001 uma coletânea de ensaios, intitulada The Shape of a Pocket.
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