Na morte de Júlio Pomar

Artista
plástico, militante activo contra a ditadura, democrata e cidadão
íntegro, Júlio Pomar morreu hoje em Lisboa aos 92 anos.
Júlio Pomar
nasceu a 10 de Janeiro de 1926, em Lisboa, cidade onde frequentou a
Escola António Arroio e depois a Escola de Belas Artes de Lisboa e do
Porto, que abandonou em 1944 na sequência de um processo disciplinar.
Expôs pela primeira vez, em grupo, em 1942, em Lisboa, e
individualmente, em 1947, no Porto, onde apresentou desenhos.
No período
pós II Guerra Mundial, Júlio Pomar foi influenciado por escritores
neo-realistas como Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes e por artistas
plásticos como o pintor brasileiro Portinari ou os muralistas mexicanos
Diego Rivera, Orozco e Siqueiros, usando a arte como forma de
intervenção sócio-política.
Integrou o
Movimento de Unidade Democrática (MUD) e participou nas lutas
estudantis, o que lhe custou a expulsão da ESBAP e, em 1945, filiou-se
na Juventudes Comunistas. Foi preso pela PIDE durante quatro meses na
década de 40 por pertencer à direcção do MUD- Juvenil e viu a apreensão
de um dos seus quadros pela polícia política e a ocultação dos frescos
de mais de 100m2 realizados para o Cinema Batalha no Porto. Permaneceu
em Portugal até 1963, ano em que fixou residência em Paris, num exílio
que durou 20 anos.
Em 1945
dirige a página semanal de arte do diário A Tarde (Porto), onde divulga o
trabalho dos muralistas mexicanos. Nos anos que se seguem colabora com
críticas e textos de intervenção estética em revistas como Mundo
Literário (1946-1948), Seara Nova, Vértice e Horizonte.
Em 1949 é
afastado do lugar de professor de desenho no ensino técnico devido à sua
participação na candidatura presidencial de Norton de Matos.
Além da vastíssima obra de pintura, desenho, escultura, cerâmica e gravura, Júlio Pomar escreveu “Catch Thème et Variation”, “Discours sur la Cécité du Peintre”, “…Et la Peinture?”, os dois últimos traduzidos por Pedro Tamen com os títulos “Da Cegueira dos Pintores” e “Então e a Pintura”, e duas colectâneas de poesias “Alguns Eventos” e “TRATAdoDITOeFEITO”.
Além da vastíssima obra de pintura, desenho, escultura, cerâmica e gravura, Júlio Pomar escreveu “Catch Thème et Variation”, “Discours sur la Cécité du Peintre”, “…Et la Peinture?”, os dois últimos traduzidos por Pedro Tamen com os títulos “Da Cegueira dos Pintores” e “Então e a Pintura”, e duas colectâneas de poesias “Alguns Eventos” e “TRATAdoDITOeFEITO”.
Júlio Pomar
instituiu em 2004 uma Fundação com o seu nome. Em Abril de 2013 foi
inaugurado o Atelier-Museu Júlio Pomar, criado pela Câmara Municipal de
Lisboa, em edifício que adquiriu em Lisboa, reabilitado pelo arquitecto
Álvaro Siza Vieira.