José Gil: com a IA “seremos mais simples e pequenos, pobres e felizes”
O filósofo José Gil faz um ponto de ordem na
discussão sobre os perigos da inteligência artificial. E tenta responder
a isto: “A IA poderá substituir ou superar a criatividade artística dos
humanos?”
José Gil(texto) e
Gonçalo Viana(ilustração)
17:22
Para responder à pergunta “a IA poderá substituir ou mesmo superar a
criatividade artística dos seres humanos?” temos, primeiro, de a
enquadrar no debate actual sobre os poderes e os efeitos da tecnologia
digital. O discurso actual sobre os efeitos sociais da inteligência
artificial centra-se na revolução que vai provocar, nos perigos que ela
traz e nos meios possíveis de os enfrentar.
Comecemos pelos
perigos. Parecem ser, essencialmente, de três tipos: perigos
socioeconómicos, perigos políticos e perigos existenciais. Os primeiros
ameaçam provocar, a curto prazo, verdadeiros desastres na vida material
das pessoas: um aumento exponencial acelerado do desemprego e das
desigualdades. Kai-Fu Lee,
o engenheiro que instalou a Google na China, calcula que, por volta de
2030, 40 a 50% dos empregos nos Estados Unidos poderão ser substituídos
pela IA. Quanto às desigualdades, estamos já a assistir à concentração
astronómica da riqueza mundial em empresas digitais, como a Google, a Amazon ou a Huawei. Também começam a sentir-se os perigos políticos: desinformação, montagem rápida de vídeos falsos, proliferação de propaganda deepfake,
que, graças à tecnologia da IA, faz uma realidade virtual substituir
rostos, corpos, mensagens verbais reais, podendo criar no telespectador a
convicção imediata de que tal ou tal personagem (político ou
simplesmente mediático), ou uma instituição ou Estado, cometeram delitos
ou crimes, por exemplo. Vê-se a que extraordinária perversão da vida
política esta prática pode levar.
Tão
importantes como os que acabámos de evocar, são os perigos
existenciais. O alastramento da influência das tecnologias digitais em
todos os domínios da vida social e individual dará cada vez mais força à
ideia de que as máquinas dominarão os homens. O homem terá deixado de
reinar no centro do mundo. É a própria imagem que o homem tem de si
mesmo que mudará radicalmente. O seu estilhaçamento abalará a identidade
humana e os seus valores.
Se todas as tarefas
actualmente executadas por seres humanos — tarefas económicas, médicas,
jurídicas, educativas, políticas e mesmo artísticas — forem
exponencialmente optimizadas pela simples aplicação de tecnologias
inteligentes, desaparecerá o domínio do ser humano sobre o mundo. Será o
fim do antropocentrismo e do humanismo. A superinteligência artificial
tomará conta das decisões humanas em todos os planos; e, porque elas se
tornarão mais eficientes e mais económicas, serão consideradas melhores, no sentido moral. As máquinas ditarão os nossos comportamentos éticos. E substituirão os artistas e os escritores.
A esta ameaça, os defensores do velho humanismo, laico ou religioso, contrapõem a crença inabalável na supremacia ontológica
do homem sobre as máquinas e, consequentemente, sobre o mundo.
Supremacia que pertenceria à essência do homem, enquanto ser dotado de
razão. Ora, o humanismo define-se pelo lugar e pelo estatuto que atribui
ao homem no centro do universo, enquanto sujeito dominador do objecto composto pelo resto dos entes.
Enquanto
tal, o homem assegura a coerência e a harmonia do todo e, na ideologia
do progresso que daí decorre, do seu próprio destino — isto, mesmo nas
doutrinas religiosas em que o fundamento divino suporta a existência
humana. Esta fé absoluta na superioridade do ser humano sobre todo o
universo condiciona as políticas actuais quanto ao estatuto e à função a
atribuir à tecnologia da IA na sociedade do futuro.
Os humanistas
actuais que se elevam contra a supremacia das máquinas utilizam um
argumento surpreendente. Ao invocar o facto de os robôs serem incapazes
de emoções e sentimentos, de empatia, de amor e compaixão, elegem a
afectividade em essência da humanidade do homem, contrariando a sua
definição clássica como “ser racional”, exclusivo de toda a diversidade
animal. Como se, de repente, os “instintos”, as “paixões”,
tradicionalmente hostis à Razão definidora do ser humano, fossem
reactivados para o distinguir das máquinas. Recorre-se à afectividade
para a opor à, e desvalorizar a hiper-racionalidade pura, “sem alma”,
dos dispositivos e operações da IA. Mas trata-se de uma afectividade que
já não implica irracionalidade e perda de controlo do sujeito, é antes
uma afectividade domada, sensata, ao serviço da razão. Estas confusões,
ajustes e contradições na história do humanismo mostram bem a
perturbação causada pela irrupção da tecnologia digital na imagem que o
homem tinha e tem de si mesmo, tornando-se cada vez mais difícil
atribuir-lhe uma identidade e um estatuto ontológico determinados. O
corpo e a animalidade vêm hoje, ironicamente, ajudar a salvar a visão
iluminista e humanista do homem no mundo.
Humano, demasiado humano
Em
resumo, dois discursos opõem-se actualmente no debate sobre a IA, e
ambos parecem não descrever adequadamente as transformações em curso: os
cultores das máquinas pecam por eliminar totalmente o homem da vida
social e individual; enquanto os humanistas não vêem o que está já a
acontecer, a saber, a substituição, em inúmeros domínios, do pensamento e
da acção humanas pela IA. Os dois discursos implicam uma metafísica.
Esboçámos os princípios do humanismo; explicitemos os pressupostos
metafísicos do trans-humanismo dos defensores da IA.
Admitir que a
superinteligência das máquinas supera todas as capacidades cognitivas
do ser humano e mesmo toda a sua inventividade e criação é supor,
primeiro, que a actividade criativa depende inteiramente da cognição; em
segundo lugar, que a tecnologia digital é capaz, em princípio, de
substituir não só todas as tarefas dos humanos, mas, sobretudo, de
construir uma realidade paralela mais perfeita do que a actual.
Afirma-se que uma obra arquitectónica ou literária poderá ser
reproduzida integralmente por operações da IA. E que o ChatGPT e o Bard,
da Google, serão capazes de criar textos tão bons como os de um poeta.
Admitiríamos, assim, que não há limites de princípio ao desenvolvimento
deste tipo de criatividade, de tal modo que nada impede que uma máquina
venha a produzir textos tão originais como os de um escritor em carne e
osso. Haverá singularidades artísticas, objectos de arte únicos e tão ou
mais geniais do que os dos grandes autores que conhecemos.
Generalizando este poder de criação das máquinas superinteligentes, é
toda a realidade do mundo, todos os produtos do engenho, da acção e do
trabalho que serão replicados e superados. Um outro universo paralelo
nascerá e substituirá o nosso, humano, demasiado humano.
Fotas máquinas inteligentes conseguissem, em teoria, substituir
toda a obra humana, então qualquer invenção ou produção actual estaria
já, desde sempre, virtualmente composta pela IA. Por exemplo, esta
esgotaria as possibilidades de criação de um escritor, mesmo não ainda
concretizadas; e, portanto, esgotaria a obra de todos os escritores, de
toda a literatura e toda a arte. E identicamente para a realidade
possível. Nada do que os humanos produziram no passado e no presente e
produzirão no futuro escaparia aos poderes criativos da IA. A totalidade
do mundo real e do mundo possível estaria virtualmente inscrita nos
programas da superinteligência artificial. Para lá dos seus algoritmos,
nenhum elemento desconhecido, em nenhum infinito, viria perturbar os
contornos bem definidos do que teria sido já determinado.
Encontrar-nos-íamos, então, perante uma situação paradoxal: se toda a
realidade é dada como uma totalidade fechada e finita, haveria um tempo,
também finito e limitado, em que se esgotaria a sua produção. Depois
desse limite, só haveria repetição do mesmo, o eterno retorno do mesmo. O
que implicaria o fim do novo e da formação de singularidades. O que,
por seu turno, pressuporia que o poder das máquinas de criar obras
únicas e singulares se traduziria, virtualmente também, pela
incapacidade de as produzir infinitamente, quer dizer pela limitação
desse poder e, por isso, pela sua anulação concreta na sua repetição.
Temos
de admitir que as máquinas não sabem e não podem criar. Poderão
reproduzir obras aparentemente originais, mas faltar-lhes-á sempre a
fonte de onde nasce a singularidade. Essa fonte é a indeterminação
infinita, quer dizer o caos, que dá vida à obra. Resta saber como é que o
caos infinito imprime na obra a marca da unicidade. Sobre esta questão,
que não analisarei aqui, direi apenas que a singularidade não deve ser
confundida com a unicidade da pessoa ou do eu, como uma instância
interior privada. Pelo contrário, a singularidade diz-se não só de um
ser, mas de uma coisa, de um som, de uma cor, de uma atmosfera, de uma
hora do dia ou de uma obra de arte. A singularidade desta última advém
da capacidade de se ligar, combinar, agenciar com outras matérias e
outras singularidades. A “assinatura” do autor traz a marca do poder
incomparável de a obra se conectar com outras “coisas” e outras obras,
produzir outras singularidades. Este poder provém da arte, por exemplo,
do pintor de insuflar acaso ao nexo das linhas e das cores, de combinar
acaso e nexo para dar vida — uma vida “inorgânica” — à obra. Sem esta
vida, não há objecto de arte. E é pelo corpo que a vida vem ao artista e
que ele a recria na obra — o que a máquina inteligente não pode fazer.
Por exemplo, não é possível programar o que poderíamos chamar o desejo de criar, o impulso criativo que irrompe subitamente, fruto do acaso, no metabolismo do artista e que o faz começar a trabalhar.
Mas, aparentemente não é o que afirmam os cultores da IA. Se a
máquina não é capaz de criar singularidades, não seria porque não possui
afectividade ou emoções. A simulação maquinal de emoções, a partir de
expressões do rosto, timbres da voz ou gestos, é hoje realizada
facilmente pela IA. Ao que se pode contrapor que os robôs não possuem a experiência
emocional de um humano. Mas que sabemos nós, na verdade, da experiência
do outro? Que prova segura podemos ter de que o robô que manifesta dor
não está a senti-la? Mais uma vez, desloquemos o problema: a
criatividade do homem, no pensamento, na arte e na cultura, vem do seu
poder de emitir singularidades, não da unicidade da pessoa humana ou das
suas “faculdades”, sensibilidade, imaginação, entendimento ou razão,
como se admitia classicamente na filosofia do conhecimento ou na
estética. Não há, pois, que atribuir aos poderes da inteligência ou da
“imaginação” das máquinas a capacidade de criar. Não se superará a
originalidade humana com o superpoder da inteligência algorítmica.
O corpo em devir
Mas
os humanos não se devem escudar por trás do argumento da sua “essência”
espiritual superior para reivindicarem o domínio exclusivo sobre a
matéria, o corpo e o mundo. Porque essa essência está mais que manchada,
corroída e desfigurada. Não só os animais têm inteligência, mas as
máquinas funcionam com a racionalidade dos humanos. Em múltiplas
disciplinas a imagem do homem foi destronada, não se conhecendo, hoje,
distintamente, o que separa a cultura da natureza, a humanidade da
animalidade, a moral da biologia, o sujeito da suposta impessoalidade de
um grande símio.
Comparando a inteligência artificial com a
inteligência “natural” descobrem-se afinidades e diferenças. Das
primeiras ressalta o facto de a IA resolver problemas com uma velocidade
muitíssimo superior à do que o homem é capaz, tão rápida que escapa à
consciência. De tal modo que se pode dizer que as operações da máquina
inteligente formam o “inconsciente” humano. A crítica a uma tal
concepção teria, primeiro, de provar que o inconsciente freudiano — ou,
mais geralmente, o inconsciente das terapias “psi” (se uma tal
generalização é pertinente) — seria subsumido pela categoria mais vasta
de “inconsciente inteligente”. A cura de um trauma ou de um bloqueio
psíquico seria redutível à resolução de um problema cognitivo. Em
segundo lugar, teria de mostrar que o poder da “intuição inconsciente”
do cérebro que, por exemplo, soluciona subterraneamente funções
matemáticas, difere da computorização de algoritmos. Enquanto esta parte
de múltiplos dados para chegar a um resultado geral, através de
operações, sobretudo, de deep learning, o cérebro parece
“intuir” imediatamente, desde o início, a solução geral. Para determinar
o trajecto mais curto entre duas cidades, a máquina compara dados
diferentes, a uma velocidade astronómica, indo de patamar em patamar —
como para encontrar a melhor jogada de xadrez. O cérebro não faz o mesmo
trabalho, a uma velocidade reduzida, mas parece alcançar de um golpe a
solução.
Foto
José Gil: "Esta fé absoluta na superioridade do
ser humano sobre todo o universo condiciona as políticas actuais quanto
ao estatuto e à função a atribuir à tecnologia da IA na sociedade do
futuro"
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Estas diferenças entre as operações da IA e da inteligência natural
não nos dão uma ideia clara do que as distingue: afinal, a primeira
parece não fazer mais — e já é muitíssimo — do que elevar à potência na
complexidade e a velocidade do que o cérebro humano pode realizar no
plano cognitivo. Mais elucidativo seria evocar as diferenças que as
separam noutros planos, na esfera do infraverbal, por exemplo. Um
artista pensa, faz trabalhar uma inteligência própria a que se pode
chamar sensível e imaginativa e não somente intelectual. Las Meninas, de Velásquez, ou o Quadrângulo Preto sobre Branco, de Malevitch, requereram muito trabalho inteligente, resolveram muitos problemas de natureza diferente. Uma Fuga de Bach ou a Odisseia,
de Homero, são produtos sofisticadíssimos da inteligência natural.
Analogamente, um pintor pensa com imagens e ritmos e um compositor com
sons e intensidades.
Se bem que se construam já partituras
“schubertianas”, se imaginem quadros “rafaelitas” ou peças
shakespearianas fabricadas pela IA, não se vê como uma máquina pode criar,
produzir uma obra nova e original que revolucione toda uma tradição e
abra caminhos imprevistos à criação artística. Para tanto, seria preciso
que a máquina tivesse um corpo. Ora, o corpo humano compõe-se de outros
corpos, de corpos animais, de plantas, de luz e sombra selvagens, de
partículas cósmicas. Um pintor devém cão quando transpõe o ladrar numa
cor; Hokusai devinha pato para pintar um pato; Cézanne tornava-se espaço
para pintar o flanco da montanha de Sainte-Victoire. O corpo de que
falamos é um corpo em devir.
Foto
Quadrângulo Preto sobre Branco (1918), de Kasimir Malevich
O poder da transformação inumana do homem
As relações do robô
com o espaço dependem de sensores que dividem e localizam os objectos
de modo preciso. Não recebem impressões “extra-sensoriais”, pequenas
percepções e atmosferas. Nem o seu espaço do corpo (que não possui) se
confunde com o espaço objectivo, como acontece no corpo humano (e se vê
claramente manifestar-se no bailarino). O “corpo” do robô não segrega um
espaço, como o corpo real segrega o seu espaço do corpo, todo
indivisível que envolve, dilata e encolhe, prolonga o corpo próprio para
além dos seus limites. O do robô não tem interior nem exterior, não tem
plasticidade interna nem intuição do mundo. Não segrega um
tempo próprio, uma duração. Não tem antepassados nem herdeiros. Não
conhece o tempo, não morre, nem se reproduz como uma célula viva. O
tempo dos computadores e de todo o tipo de aparelhos de IA tende para a
instantaneidade, como se o objectivo último fosse a abolição da duração.
É
toda esta simbiose com o espaço e o tempo que falta às máquinas, e faz
do corpo humano o corpo-devir que suporta a criação. O devir-animal do
corpo humano advém de ele herdar filogeneticamente toda a cadeia
evolutiva da animalidade. Por isso, é o único ser capaz de um
devir-animal tão abrangente, devir-verme, devir-borboleta ou
devir-jaguar. Impossível de conceber um legado análogo no ADN de um
robô.
Diremos, então: o que faz a característica própria da
inteligência humana é a capacidade do corpo de se tornar outro, animal,
planta ou mineral, poder único que escapa às máquinas e à definição
racionalista do ser humano. Longe do antropocentrismo do humanismo
tradicional, é o poder de transformação inumana do homem que melhor o
caracteriza como humano e distingue a sua inteligência da IA. Mas saber
que a IA não poderá jamais superar as capacidades criativas da mente
humana não nos deve sossegar. As consequências futuras — que já hoje se
desenham — da aplicação prática das máquinas inteligentes dependem do
uso que se lhes der.
Foto
Ora, esse uso vai numa direcção precisa: ditado fundamentalmente por
imperativos económicos e pelo mercado, o desenvolvimento das novas
tecnologias impõe tarefas que tendem a tornar-se únicas e exclusivas. O
trabalho e o campo da experiência tendem, pois, a limitar-se ao que é
concebido pelos algoritmos da IA. O leque da experiência sensível, das
pulsões, das ideias, da volição e da imaginação reduzir-se-á e
fechar-se-á sobre si, condicionando as necessidades e o desejo. A
experiência empobrecerá, tornando-se finita.
A linguagem da IA — o
léxico e as expressões próprias do funcionamento da IA, mas, sobretudo,
as transformações a que a linguagem natural ficará sujeita, como se vê
já com os likes e os emojis —, os chatbots,
os programas de respostas ao cliente, os assistentes virtuais, as
centrais de atendimento, as criações de conteúdos algoritmizados
modificarão a experiência afectiva e cognitiva de todo o tipo de utentes
— quer dizer, de todos nós. O mundo dos serviços, da economia e das
interacções sociais transformar-se-á profundamente. Reduzir-se-á
drasticamente a criação linguística e cultural. Toda essa linguagem vai
provocar uma outra aprendizagem, outras maneiras — empobrecidas — de
sentir e de se comportar. Formar-se-ão partituras emocionais inéditas,
novos códigos de pensamento. Cada vez mais os seres humanos raciocinarão
como máquinas, falarão e sentirão como elas.
O pior, nesta
situação, é que ela será aceite sem que as subjectividades disso se
apercebam. Numa palavra, a limitação e a previsibilidade a que a IA
obrigará a experiência humana, e até a imprevisibilidade programada, o
número restrito de sensações e pensamentos a que estará condenada,
consagrarão, na prática, a vitória das máquinas sobre o poder inventivo
dos seres humanos. Mais, as obras de arte algoritmizadas serão saudadas
como exemplos singulares de criação e engenho das máquinas inteligentes.
Os romances, as traduções, os objectos de arte, as composições musicais
resplenderão de originalidade inigualável. Produtos de uma enorme
complexidade — nós seremos mais simples e pequenos, pobres e felizes.