Poetas de CUBA UMA FACE, UM RUMOR, UM INSTANTE FIEL
Uma face, um rumor, um instante fiel ensurdecem de repente o que olho e pela primeira vez então vivo o tempo que já ficou distante.
É como um lento e preguiçoso amante que sempre chega tarde, o meu tempo, e por chuva ou dourado e suave tédio soma lilases noturnos deslumbrantes.
E me devolve uma mansão silenciosa, pares de dançarinos suavíssimos, os dedos artesãos do abismo.
E me contemplo cega e extasiada à luz mágica interrogante de um som que é outro e que é o mesmo. ---------------------------------------- Fina García Marruz (Havana, Cuba, 1923-2022). Poeta, ensaísta, editora e pesquisadora. Figura central da literatura cubana dos séculos XX e XXI que impulsionou, entre outras publicações periódicas, a célebre revista Orígenes. Autora de vários livros de poesia, ensaio e crítica literária, dentre os quais se destacam as coletâneas de poemas Transfiguração de Jesus no Monte (1947), Visitaciones (1970), Créditos de Charlot (1990), Noções elementares e algumas elegias (1994), Havana do centro (1997) e O instante raro (2010). Sua obra lhe valeu o Prémio Nacional de Literatura (Cuba) em 1990, o Prémio Ibero-americano de Poesia Pablo Neruda em 2007 e o Reina Sofía de Poesia Ibero-americana em 2011, entre outros. ------------------------------------------------------------ OS ESTRANHOS RETRATOS
Agora que estamos sós, infância minha, falemos,
esquecendo por um momento os estranhos retratos que nos fizeram.
Falemos do que tu e eu, por não ter mais nada, sabemos.
Que esta solitária noite minha não teve a graça do começo,
e entrei na dança escura da minha estirpe como um jovem tristíssimo num quadro.
Minha imagem sucessiva não me habita senão como um escuro remorso,
sem poder distinguir sequer o que do meu pão ou do meu vinho invento.
No escuro quarto onde levanto a mão com um gesto empoeirado,
onde não posso entrar, lá me olhas com teu traje e teu teimoso fundamento,
e não sei se me chamas ou o que queres neste mútuo, estranho desencontro.
E às vezes me parece que me pedes para que eu te tire do silêncio,
me procuras nas árvores de ouro e no perdido parque da memória,
e às vezes me parece que te procuro à tua tranquila força e teu chapéu,
para que tu me ensines o caminho do meu perdido nome verdadeiro.
Da tua estrela distante, surgida, não quero mais a luz tão triste mas o Corpo.
Aprofunda em mim. Encontra-me. E que teu pão seja o dia nosso.
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Fredric Jameson, modernismo e a desprovincianização do marxismo
“Pode-se de
fato concordar que uma crítica marxista que não tenha nada a dizer sobre
a luta de classes ou sobre a natureza do capitalismo dificilmente
acabará tendo algo de verdadeiramente marxista. Mas tais considerações
nem sempre assumem a forma que se poderia esperar…“ — Inventions of a Present, Fredric Jameson
Devemos em larga medida a Fredric Jameson a maneira como periodizamos a segunda metade do século XX. Talvez
se estenda para o tempo aquilo que Joan Didion afirmou sobre o espaço,
quer dizer, que “um lugar pertence para sempre àquele que mais
intensamente o reivindica, que mais obsessivamente o recorda, que o
arranca de si mesmo, que o molda, que o recria, que o ama [ou que o
odeia] de forma tão radical que o refaz à sua própria imagem” — como
William Faulkner e Ernest Hemingway fizeram do Mississippi e do
Kilimanjaro os seus territórios literários, recorda Didion. Se é assim, a
era que sucedeu a manhã seguinte dos anos 1960 pertence a Jameson. Sua
leitura do pós-modernismo não só esculpiu a teoria marxista nas últimas
décadas e mapeou os conflitos dos tempos, como transformou para sempre a
crítica cultural de esquerda. Jameson foi um dos primeiros
autores a enfrentar as consequências estéticas do espraiamento da
indústria cultural. Pensador exímio da forma que era — vale lembrar que
seu livro Marxismo e forma é um marco nos estudos desse campo
—, Jameson fez da ficção científica (até então entendida como um gênero
comercial) um objeto de estudo para o marxismo. Também lançou mão de seu
arcabouço literário para refletir sobre o cinema de Hollywood, uma
contribuição frequentemente malcompreendida, e que hoje se converteu na
única forma de crítica cultural que ainda mobiliza a esquerda, cativa do
que se poderia denominar “Netflix Studies“. Mas o que é pouco retomado por sua fortuna crítica é que Jameson
só se tornou um teórico do pós-modernismo porque era, antes de qualquer
outra coisa, um teórico do modernismo. Para ele, o século XX se
organiza em torno de dois tempos decisivos: modernismo e
pós-modernismo.
Este texto
parte de um esforço em curso de elaboração de uma leitura da teoria do
modernismo em sua obra. A ideia aqui não é oferecer uma análise
exaustiva, mas apenas esboçar algumas considerações preliminares sobre o
tema a partir de um registro que nos auxilia, salvo engano, a
compreender o papel do modernismo em sua obra — e que também tem a ver
com o Brasil. Esse material permite observar como a desprovincianização
do pensamento pode vir dos lugares mais surpreendentes, e como esse
movimento vincula Jameson de alguma forma a certa dialética brasileira.
À ocasião do lançamento da tradução de O inconsciente político, Jameson
esteve no Brasil no congresso da Associação Brasileira de Literatura
Comparada e participou de um debate com Maria Elisa Cevasco, Roberto
Schwarz e Paulo Arantes. O debate foi parcialmente publicado na Folha de S. Paulo,
numa época em que discussões de relevância ainda tinham espaço na
imprensa, e a crítica literária não estava restrita a periódicos
acadêmicos lidos apenas por especialistas. O texto apareceu em uma
coluna assinada pelo próprio Schwarz em 1992.
Maria
Elisa Cevasco perguntou a Jameson sobre sua trajetória pessoal,
especialmente como ele havia se tornado marxista. Jameson, tão discreto
como sempre, evitou a pergunta biográfica — como afirmou certa
vez em “On not giving interviews” (2006), evitava conceder entrevistas
por considerar que esse formato reduzia a reflexão intelectual à mera
opinião, uma forma empobrecida, polêmica e jornalística, carente de
densidade política e teórica, como se tornaria ainda mais evidente na
era das redes sociais. Preferiu, assim, falar sobre o contexto social e político em que se formou.
Considero esse relato valioso justamente por tratar de questões que
Jameson raramente discute em sua obra e nas poucas entrevistas que
concedeu. Ele se descreveu como um intelectual dos anos 1950, e
não dos anos 1960, alguém formado na era Eisenhower e no período do
macarthismo, quando se silenciou o discurso de esquerda nos Estados
Unidos. Jameson destacou que a esquerda americana dos anos 1960
estava desvinculada da tradição do Partido Comunista dos anos 1930 e
1940, tendo se desdobrado como um movimento completamente diverso do
anterior. Apresentou-se, então, como alguém situado entre esses dois momentos — um marxista formado durante um intervalo político
(ou, como Neil Larsen corretamente sugeriu noutro debate, o projeto de
Jameson poderia ser entendido como uma tentativa de reunir os dois
espíritos dos anos 1940 e 1960 do marxismo americano).
Jameson descreveu aqueles anos como um período de consolidação e redescoberta do modernismo, de consagração de obras de Ezra Pound, André Gide, Thomas Mann e outros. E afirmou que, nos
Estados Unidos, a estética modernista — diferentemente do que ocorreu
na Europa — servia como uma forma de protesto contra a sociedade
corporativa e gerencial dos trinta anos gloriosos, uma maneira de rejeitar essa sociedade. Em entrevista mais recente ao The Paris Review, conta
que foi justamente porque queria estudar o modernismo que se doutorou
num Departamento de francês — já que nos EUA daquele período nem os
departamentos de inglês, nem de literatura comparada (que ele depois
transformou) se ocupavam desses textos. Não é de se estranhar, portanto,
que ele tenha sido atraído mais tarde por Theodor W. Adorno, com seu
marxismo modernista e sua crítica da sociedade administrada. Esse
modernismo, que os americanos julgavam apolítico, era, segundo Jameson,
profundamente antiburguês, pois questionava a transformação do eu e do
mundo.
Oswald
de Andrade, modernista brasileiro dos anos 1920, que se tornou comunista
nos anos 1930, observou certa vez que, para o modernismo dos anos de
1920, o oposto do burguês ainda não era o proletário, mas o boêmio.
Há algo disso que ressoa na fala de Jameson, no sentido de que o
modernismo pode abrir outros caminhos. Nesse debate, ele afirma:
“quando era modernista, pude me desenvolver numa direção política”. A
noção de “estilo” mobilizada por Jameson em sua obra não tem pouco a ver
com isso. Para o crítico, em alguma medida, repensar formas estéticas e
linguagens é repensar também formas sociais (e vice-versa). Isso
evidencia como, para Jameson, a política está intrinsecamente ligada à
forma — e vale lembrar que ele chega a essas reflexões sobre o caráter
anti-gerencial do modernismo partindo de um autor reacionário como Erza
Pound, por exemplo.
Conforme consta nas reflexões expostas em Inventions of a Present (citada na epígrafe deste texto), as considerações marxistas da crítica literária não aparecem sempre como se esperaria. Mais
tarde, segundo Jameson, a Revolução Cubana mostraria que o socialismo
estava muito próximo dos Estados Unidos, o que acabou sendo mais
decisivo para seu interesse no marxismo do que qualquer fato biográfico
— um socialismo, segundo ele, bastante distinto daquele do bloco
soviético. Assim, nesse contexto da Guerra Fria, Jameson observa que
revolução política e revolução formal convergiram no seu interesse pelo
marxismo e pela dialética. Isso, por si só, explica muito do motivo pelo
qual a renovação do marxismo nos EUA ocorreu no campo da literatura.
A partir desse ponto do debate, Roberto Schwarz fez uma sugestão instigante que gostaria de explorar aqui. Disse que o modernismo europeu foi uma força que “desprovincianizou” o contexto teórico americano e até o próprio marxismo.
Trata-se de uma ideia interessante: uma desprovincianização que vem do
centro, de certa forma, de cima para baixo (da Europa para os EUA), mas
cujo efeito não foi simplesmente restaurar o cânone, e sim
transformá-lo. Uma observação que vai na mesma direção do que escreveu
Adorno certa vez, a saber, que o modernismo poderia ser lido como uma
forma de obsolescência do moderno, e não como sua expressão positiva.
Isto é, o modernismo é ele próprio um sintoma da decadência do moderno.
Lido dessa maneira, ele pôde ser uma força crítica nos anos dourados do
capitalismo norte-americano.
Jameson era
produto de uma ex-colônia que se tornou império. E, assim como seu país,
parece-me que ocupava uma posição intermediária, análoga àquela que
discute em seu ensaio polêmico e amplamente debatido “Modernismo
e Imperialismo”, no qual argumenta que no século XX, para apreender a
totalidade de um mundo que se globalizava, seria necessário pensar o
nexo entre Norte e Sul, entre o centro e a periferia para entender não
só o modernismo, mas a mudança de eixo da literatura que, para apreender
a totalidade, precisava de alguma forma incorporar o vínculo colonial.
Mencionei anteriormente que isso o aproxima da “dialética brasileira” e
de sua discussão sobre o capitalismo periférico, porque evidencia não a
importância da posição em si, tomada como uma ontologia geográfica
(maneira como muitos leem equivocadamente a obra de alguém como
Schwarz), mas o modo como o estranhamento ou a
desprovincianização do pensamento — e especialmente do pensamento
marxista — não vem da posição propriamente dita, mas do choque, do nexo,
ainda que desigual, entre dois mundos.
Ao
longo de sua trajetória intelectual, Jameson soube fazer de uma
contradição fundamental — a posição ambígua dos Estados Unidos como
centro imperial do capitalismo global e, ao mesmo tempo, como sociedade
marcada por formas de subdesenvolvimento estrutural típicas do Terceiro
Mundo — um ponto de partida estratégico para a construção de sua
crítica. Atento ao choque, assumiu essa duplicidade não como
obstáculo, mas como chave heurística, e ocupou uma posição privilegiada
enquanto crítico marxista estadunidense. Foi a partir dessa posição que
elaborou um esforço notável para desprovincianizar o marxismo por dois
vetores simultâneos e complementares: “por cima”, através de uma
releitura sofisticada do modernismo europeu como problema histórico,
estético e ideológico (e como a leitura de uma decadência do moderno que
servia como crítica da ideologia do capitalismo americano); e “por
baixo”, por meio da incorporação da literatura e da cultura do chamado
Terceiro Mundo — América Latina, China, e as periferias esquecidas da
Europa — como instâncias críticas indispensáveis para a reconstrução de
uma teoria mundial da forma.
Se a parte de
baixo, hoje, deve ser deixada para outro dia (já que não há espaço para
comentar tudo), vale dizer que o projeto que a sustentava permanece, a
meu ver, profundamente relevante. Isso apesar das críticas legítimas —
ou sobretudo diante delas —, que se dirigem à sua teoria da alegoria
nacional ou às suas generalizações sobre a literatura do Terceiro Mundo.
Em tempos de retração dos horizontes utópicos, de cerco ao
pensamento radical e de crescimento vertiginoso de uma forma
paradoxalmente internacionalista de provincianismo — o da extrema
direita global —, a ambição teórica de Jameson não poderia ser mais
atual.
Jameson não
apenas integrou seu marxismo — nascido em condições intelectuais
altamente singulares — ao corpo mais amplo da Teoria Crítica; ele também
o projetou como modelo para uma crítica literária capaz de enfrentar o
desafio da mundialização. Nesse sentido, sua obra funciona como
um verdadeiro atlas da literatura planetária, um mapeamento da
imaginação estética que atravessa continentes e formações históricas
diversas, sem jamais se render à abstração ou ao universalismo ingênuo,
mas sem igualmente recair na doxa localista (muito presente, por exemplo, em certo pensamento decolonial para o qual a especificidade torna-se essência). É
talvez por isso que sua influência tenha sido tão marcante nas
periferias do capitalismo: sua teoria ofereceu uma alavanca poderosa
para desprovincianizar não apenas a crítica literária, mas o próprio
marxismo. Seu legado é menos uma obra do que um projeto, talvez
o mais desenvolvido até agora, de uma crítica literária dialética e,
sobretudo, internacionalista.
* Esta é uma versão ligeiramente modificada do texto escrito para a mesa Open the future: cartographie et archéologie chez Jameson,
coordenada por Vincent Chanson & Frederico Lyra de Carvalho no
Congresso “Historical Materialism – Conjurer la catastrophe” em Paris,
2025.
blogue da editora Boitempo
domingo, 29 de junho de 2025
QUEM ME DERA
Quem me dera ser pássaro Cantar nas ameias dos castelos Saber o rumo exato dos ninhos Ignorar a certeza das fronteiras.
Quem me dera ser a nuvem passageira Tão ligeira que o vento leva Para o alto mar, lá longe, Onde uma ilha emerge de repente.
Quem me dera ser a brisa que sopra Sobre os areais marejados de lágrimas E levam ao colo as andorinhas do mar. Quem me dera ser ela mais as gaivotas.
Quem me dera que os oprimidos, Os escravos e os inocentes Se erguessem juntos outra e outra vez E fossem pássaro, nuvem, brisa, Cavalos vermelhos a galope nas planícies, Andorinhas do mar, ilhas e penínsulas. Quem me dera um amor infinito Sem vontade de olhar para trás!
É por isso que me disponho de frente para o futuro
A imaginar o que acontece.
---------Nozes Pires-------
Os assassinos
Na noite roxa, por entre pardos túmulos
disfarçando odores com perfumes caros
no céu baixo, passam depressa cúmulos.
Discursos que façam são letais disparos.
São os assassinos. Abrem valas nas cidades
levam à cama dos mártires a morte
nos altares instalam novas divindades
que ditam a minha, a tua, a vossa sorte.
São os assassinos. Levam-te a passear na rua
como se faz a um cão. Ensinam, fazem, encenam
e nunca saberá se é mentira ou se é verdade
Porque esta mostra-se vestida, nunca nua.
Por isso não és cúmplice, apenas te condenam
a errar enlouquecido pela cidade.
------------------N .P.------------------
Norman Lewis (argumentista)
John Frederick Norman Lewis
(28 de junho de 1908 – 22 de julho de 2003) foi um escritor britânico.
Embora seja mais conhecido pelos seus relatos de viagens, escreveu
também doze romances e vários volumes de autobiografia.
Norman Lewis
Nascido
John Frederick Norman Lewis 28 de junho de 1908 Forty Hill , Enfield, Inglaterra
Morreu
22 de Julho de 2003 (95 anos) Saffron Walden , Essex, Inglaterra
O seu artigo de jornal intitulado "Genocídio no Brasil" (1969) [ 1 ] motivou a criação da Survival International — uma organização dedicada à proteção dos povos indígenas de todo o mundo.
Graham Greene descreveu Lewis como "um dos melhores escritores, não de uma década em particular, mas do nosso século". [ 2 ]
Lewis
era oriundo de uma família galesa e mais tarde identificou-se – pelo
menos parcialmente – como galês, mas nasceu em "Clifton" (a que Lewis
chamou "uma casinha tranquila e algo sombria"), [ 3 ] 343, Carterhatch Lane, Enfield , Middlesex
, um subúrbio de Londres, filho do farmacêutico Richard George Lewis
(falecido em 1936) e da sua mulher Louise Charlotte (nascida Evans;
falecida em 1950). Os seus pais tornaram-se espiritualistas após a morte dos irmãos mais velhos de Lewis e esperavam que o jovem Lewis crescesse e se tornasse médium. [ 4 ]
Uma criança inteligente, Lewis foi intimidado por outras crianças e
enviado pelos pais para viver durante alguns anos com três "tias meio
loucas" profundamente religiosas no País de Gales. [ 5 ] Tendo sido educado na Enfield Grammar School , quando jovem, Lewis tentou uma variedade de formas de ganhar a vida na Grande Depressão
dos anos 30, incluindo fotógrafo de casamentos por conta própria,
leiloeiro, grossista de guarda-chuvas e, por um breve período, piloto de
motos no Harringay Stadium e White City . [ 2 ] Nesta altura da sua vida, era um "jovem libertino e elegante" com um "amor por carros velozes e aventura". [ 5 ] Durante alguns anos, durante este período, estabeleceu-se em Woodberry Down, perto de Manor House , em Londres. [ 6 ]
Os diferentes livros de Lewis dão relatos variados do seu serviço no Exército Britânico na Segunda Guerra Mundial . Na sua autobiografia, Jackdaw Cake , diz que serviu no Corpo de Informações em Argel, Tunísia e Nápoles em 1942-44; noutro lugar diz que acabou por ser comissionado como segundo-tenente e serviu com o 1st King's Dragoon Guards , um regimento blindado na Campanha Italiana . [ citação necessária ] O seu relato de experiências durante a ocupação Aliada de Itália, Nápoles '44 (1978) foi apelidado pelo The Telegraph de "um dos grandes relatos de primeira mão da Segunda Guerra Mundial." [ 2 ] Logo após a guerra, escreveu livros sobre a Birmânia , Golden Earth (1952) e French Indochina , A Dragon Apparent (1951), que o The Telegraph igualmente elogiou como "o melhor registo da Indochina antes da devastação causada pela Guerra do Vietname". [ 2 ]
Outra grande preocupação de Lewis era o impacto da atividade missionária nas sociedades tribais da América Latina e de outros países. Era hostil às actividades dos missionários, especialmente dos evangélicos americanos . Isto é abordado no seu livro The Missionaries
e em vários artigos mais curtos. Dizia frequentemente que considerava a
maior conquista da sua vida a reacção mundial à escrita sobre as
sociedades tribais na América do Sul. Em 1968, o seu artigo "Genocide in
Brazil", publicado no Sunday Times após uma viagem ao Brasil com o fotógrafo de guerra Don McCullin , [ 7 ] criou tanto clamor que levou à criação da organização Survival International
, dedicada à protecção dos povos indígenas de todo o mundo. Lewis disse
mais tarde sobre este artigo que foi "o mais valioso de todos os meus
esforços". [ 8 ]
Escrita
Lewis era fascinado por culturas pouco tocadas pelo mundo moderno. Isto refletiu-se nos seus livros sobre viagens na Indonésia , "Um Império do Oriente" , e entre os povos tribais da Índia, "Uma Deusa nas Pedras" .
Lewis escreveu também doze romances. [ 7 ]
Alguns deles obtiveram um sucesso significativo na altura da
publicação, mas a sua reputação literária baseia-se principalmente nos
seus escritos de viagem.
Testemunho de crimes de guerra no Lácio
Enquanto Lewis foi oficial britânico na frente de Monte Cassino , testemunhou crimes de guerra ( Marocchinato ) cometidos pelas tropas coloniais francesas durante a campanha italiana:
As
tropas coloniais francesas estão novamente em fúria. Sempre que tomam
uma cidade ou vila, ocorre uma violação generalizada da população.
Recentemente, todas as mulheres das aldeias de Patricia, Pofi, Isoletta,
Supino e Morolo foram violadas. Em Lenola, que caiu perante os Aliados a
21 de Maio, cinquenta mulheres foram violadas, mas – como não chegavam
para todos – crianças e até idosos foram violados. Relata-se ser normal
que dois marroquinos agredam uma mulher simultaneamente, um tendo
relações sexuais normais enquanto o outro comete sodomia. Em muitos
casos, foram causados danos graves nos genitais, reto e útero. Em
Castro di Volsci, os médicos trataram 300 vítimas de violação, e em
Ceccano os britânicos foram obrigados a construir um acampamento vigiado
para proteger as mulheres italianas.
A primeira mulher de Lewis, Ernestina Corvaja, [ 2 ] era uma suíço-siciliana. [ 7 ] A vida siciliana, incluindo o papel da máfia , foi um tema importante, que explorou em The Honoured Society (1964) e In Sicily
(2000). Embora nunca perdesse de vista os horrores infligidos pela
máfia, os seus relatos não eram sensacionalistas. Baseavam-se numa
compreensão detalhada da sociedade siciliana e numa profunda simpatia
pelos sofrimentos do povo siciliano. A ligação latina encorajou-o a
viajar, resultando no seu primeiro livro, Spanish Adventure (1935). O casamento, no entanto, fracassou no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939. [ 2 ] Casou brevemente pela segunda vez, após a guerra. [ 2 ]
Faleceu em Saffron Walden
, Essex, deixando a sua terceira mulher, Lesley, e o seu filho,
Gawaine, e duas filhas, Kiki e Samara; e um filho, Gareth, e uma filha,
Karen, do seu segundo casamento com Hester; e um filho, Ito, do seu
primeiro casamento. O seu filho Gareth é também um escritor publicado. [ 2 ]
Lewis
disse que não acreditava em "absolutamente nada" e, na verdade, "não
acredito na crença". Não acreditava que a humanidade estivesse a
progredir. [ 10 ] Falou sobre "a intensa alegria que sinto por estar vivo", [ 7 ] e disse estar "extremamente feliz". [ 10 ]
Bibliografia
Romances
Samara (Cabo 1949)
Dentro do Labirinto (Cape 1950; EUA: 1986 Carroll)
Um Único Peregrino (Cape 1953; EUA: 1953 Rinehart)
O Dia da Raposa (Cape 1955; EUA: 1955 Rinehart)
Os Vulcões Acima de Nós (Cabo 1957; EUA: Pantheon 1957, sem data)
Escuridão Visível (Cape 1960; EUA: Pantheon 1960)
O Décimo Ano do Navio (Collins 1962; EUA: 1962 Harcourt)
Uma pequena guerra feita por encomenda (Collins 1966; EUA: 1966 Brace)
Every Man's Brother (Heinemann 1967; EUA: Morrow 1968)
Voo de um Equador Escuro (Collins 1972; EUA: 1972 Putnam)
O Especialista Siciliano (Random 1974; Reino Unido: 1975 Collins)
A Companhia Alemã (Collins 1979)
A Passagem Cubana (Collins 1982; EUA: Pantheon 1982)
Um caso adequado para a corrupção (Hamilton 1984; EUA: Pantheon 1984, como O Homem do Meio )