terça-feira, 26 de maio de 2020

Na morte de Maria Velho da Costa

maria velho da costaMaria Velho da Costa uma das escritoras maiores da literatura portuguesa, feminista, antifascistas morreu sábado, dia 23 de Maio, em Lisboa, aos 81 anos.

A sua obra – conto, teatro, mas sobretudo romance como “Maina Mendes” (1969), “Casas Pardas” (1977) e “Myra” (2008) – valeu-lhe vários prémios e condecorações, mas seria com “Novas Cartas Portuguesas” (1971), que escreveu em co-autoria com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, que iria enfrentar um processo judicial.
Interrogadas por um agente da Polícia Judiciária especializado em processos de prostituição e presentes no Tribunal da Boa Hora, o julgamento teria repercussões em Portugal e no estrangeiro.
O livro, que foi apreendido e proibido logo após a sua publicação, partia das cartas de amor escritas pela religiosa portuguesa Mariana Alcoforado e falava da condição da mulher durante o fascismo, da repressão e da censura do regime, enaltecendo a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres.

A URAP, que lamenta profundamente a morte de Maria Velho da Costa e endereça aos familiares e amigos as suas condolências, homenageia aqui a escritora transcrevendo o texto “Revolução e Mulheres”:
Via: Página Inicial – União de Resistentes Antifascistas Portugueses https://bit.ly/2zh0cXy

domingo, 24 de maio de 2020

MORREU MARIA VELHO DA COSTA

Mulheres e Revolução – Maria Velho da Costa

Mulheres e Revolução
 
Maria Velho da Costa
Elas vão à parteira que lhes diz que já vai adiantado. Elas alargam o cós das saias. Elas choram a vomitar na pia. Elas limpam a pia. Elas talham cueiros. Elas passam fitilhos de seda no melhor babeiro. Elas andam descalças que os pés já não cabem no calçado. Elas urram. Elas untam o mamilo gretado com um dedal de manteiga. Elas cantam baixinho a meio da noite a niná-lo para que o homem não acorde. Elas raspam as fezes das fraldas com uma colher romba. Elas lavam. Elas carregam ao colo. Elas tiram o peito para fora debaixo de um sobreiro. Elas apuram o ouvido no escuro para ver se a gaiata na cama ao lado com os irmãos não dá por aquilo. Elas assoam. Elas lavam joelhos com água morna. Elas cortam calções e bibes de riscado. Elas mordem os beiços e torcem as mãos, a jorna perdida se o febrão não desce. Elas lavam os lençois com urina. Elas abrem a risca do cabelo, elas entrançam. Elas compram a lousa e o lápis e a pasta de cartão. Elas limpam rabos. Elas guardam uma madeixita entre dois trapos de gaze. Elas talham um vestido de fioco para uma boneca de papelão escondida debaixo da cama. Elas lavam as cuecas borradas do primeiro sémen, do primeiro salário, da recruta. Elas pedem fiado popeline da melhor para a camisa que hão-de levar para a França, para Lisboa. Elas vão à estação chorosas. Elas vêm trazer um borrego à primeira barraca e ao primeiro neto. Elas poupam no eléctrico para um carrinho de corda.
Coisas que elas dizem:
— Se mexes aí, corto-ta.
— Isso não são coisas de menina.
— O meu homem não quer.
— Estuda, que se tiveres um empregozinho sempre é uma ajuda.
— A mulher quer-se é em casa.
— Isto já vai do destino de cada um.
— Deus não quiz.
— Mas o senhor padre disse-me que assim não.
— Dá um beijinho à senhora que é tão boazinha para a gente.
— Você sabe que eu não sou dessas.
— Estás a dar cabo do teu futuro com uns e com outros.
— Deixa-te disso, o que é preciso é sossego e paz de espírito.
— Comprei uns jeans bestiais, pá.
— Sempre dá para uma televisão daquelas novas.
— Cada um no seu lugar.
— Julgas que ele depois casa contigo?
— Sempre há-de haver pobres e ricos.
— Se tu gostasses de mim não andavas com aquela cabra a gastar o nosso.
— Põe o comer ao teu irmão que está a fazer os trabalhos.
— Sempre é homem.
Elas olham para o espelho muito tempo. Elas choram. Elas suspiram por um rapaz aloirado, por duas travessas para o cabelo cravejadas de pedrinhas, um anel com pérola. Elam limpam com algodão húmido as dobras da vagina da menina pensando, coitadinha. Elas escondem os panos sujos de sangue carregadas de uma grande tristeza sem razão. Elas sonham três noites a fio com um homem que só viram de relance à porta do café. Elas trazem no saco das compras uma pequena caixa de plástico que serve para pintar a borda dos olhos de azul. Elas inventam histórias de comadres como quem aventura. Elas compram às escondidas cadernos de romances em fotografias. Elas namoram muito. Elas namoram pouco. Elas não dormem a pensar em pequenas cortinas com folhos. Elas arrancam os primeiros cabelos brancos com uma pinça comprada na drogaria. Elas gritam a despropósito e agarram-se aos filhos acabados de sovar. Elas andam na vida sem a mãe saber, por mais três vestidos e um par de botas. Elas pagam a letra da moto ao que lhes bate. Elas não falam dessas coisas. Elas chamam de noite nomes que não vêm. Elas ficam absortas com a mola da roupa entre os dentes a olhar o gato sentado no telhado entre as sardinheiras. Elas queriam outra coisa.
Elas fizeram greves de braços caídos. Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta. Elas gritaram à vizinha que era fascista. Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas. Elas vieram para a rua de encarnado. Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água. Elas gritaram muito. Elas encheram as ruas de cravos. Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes. Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua. Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo. Elas ouviram faltar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas. Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra. Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho. Elas tiveram medo e foram e não foram. Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas. Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro urna cruzinha laboriosa. Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões. Elas levantaram o braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos. Elas disseram à mãe, segure-me aqui os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é. Elas vieram dos arrebaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada. Elas estenderam roupa a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.
in Cravo(1976).
Via: voar fora da asa https://bit.ly/2LWxhKN

Carpe Diem – Walt Whitman


Aproveita o dia!

Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras
e as poesias, sim, podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Ela nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda adiante.
Procures vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido

Carpe Diem

by juani913

I like to accredit the right person when I post work which isn’t my own but i’m not exactly sure who the author or this piece is. It is generally attributed to Walt Whitman, a genius of the written word, but I couldn’t confirm it. Regardless, I’m sure whoever wrote it did it with the hopes that it would inspire others. That being said, the most important thing is to share it. Inspire and be Inspired !
Carpe Diem 
Don’t allow the day to end without having grown a bit,
without being happy, without feeding your dreams.
Don’t be defeated by discouragement.
Don’t allow anyone to take away your right to express yourself, 
which is almost a duty.
Don’t abandon the desire to make something extraordinary of your life.
Don’t stop believing that words and poetry can change the world.
No matter what happens, our essence is intact.
We are beings filled with passion.
Life is both desert and Oasis.
It knocks us down, it hurts us, it teaches us,
it turns us into the protagonists of our own stories.
Even if the winds blow against us,
the powerful masterpiece continues:
You can add a stanza.
Never stop dreaming,
because in Dreams Man can be free.
Don’t fall into the most fatal of errors: Silence.
The majority live in a frightful silence.
Don’t resign yourself to this, flee…..
“I emit my screams from the roofs of this world”, says the poet.
Value the beauty of the simple things.
One can make beautiful poetry about little things.
Don’t betray you beliefs,
because we can’t row against our own selves:
That turns life into hell.
Enjoy the panic provoked by having your life in front of you. 
Live it intensely, without mediocrity.
Remember that the future is within you,
so face your duties with pride and without fear.
Learn from those who can teach you.
From the experiences of those that preceded us,
our “Dead Poets”,
They will help you walk through life.
The society of today is us:
The “Living Poets”
Don’t allow life to get by you
without living it…..

Via: voar fora da asa https://bit.ly/3cYXvZc

A Peste - Quem é o autor?

segunda-feira, 18 de maio de 2020

GEORGIA O´KEEFFE

Tate Modern exibe retrospectiva da pintora Georgia O'Keeffe ...

GEORGIA O´KEEFFE

Georgia O'Keeffe
Pintora

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Georgia Totto O'Keeffe foi uma pintora estadunidense. Conhecida por suas pinturas com foco em detalhes de flores, a paisagem do Novo México e os arranha-céus de Nova Iorque, é considerada hoje como a "mãe" do modernismo dos Estados Unidos. Wikipédia
Nascimento: 15 de novembro de 1887, Sun Prairie, Wisconsin, EUA

O TERMINAL

[The Terminal]

ALFRED STIEGLITZ


Resultado de imagem para alfred stieglitzAlfred Stieglitz
Fotógrafo

Alfred Stieglitz foi um fotógrafo norte-americano. Foi o primeiro fotógrafo a ter suas fotos expostas num museu. A sua principal fotografia foi "O Terminal". Nasceu em Nova Iorque, lugar em que ingressou no movimento pictorialista. Wikipédia
Conhecido por: Fotografia
Cônjuge: Georgia O'Keeffe (de 1924 a 1946)