terça-feira, 15 de setembro de 2015

Disto ninguém fala se fosse futebol
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Maria João Pires venceu um dos mais importantes prémios da música clássica.   observador.pt
A pianista portuguesa Maria João Pires venceu o reputado prémio Gramophone, na categoria “Concerto”. Os prémios são considerados equivalente aos Óscares dentro da música clássica.
O prémio foi atribuído pela interpretação feita pela pianista dos concertos para piano nº 3 e nº 4 de Beethoven. O trabalho, gravado em parceria com a orquestra sinfónica da Rádio Sueca e com o maestro inglês Daniel Harding, foi editado em disco em 2014.
Os prémios Gramophone têm 12 categorias e existem desde 1977. O ano passado, o vencedor do prémio na categoria “Concerto” foi o pianista francês Jean-Efflam Bavouzet.
A pianista portuguesa está também nomeada para a categoria especial “Gravação do ano”, cujo vencedor será anunciado numa cerimónia marcada para o dia 17 de setembro, que decorrerá em Londres.
O coro da Gulbenkian foi também vencedor de um prémio Gramophone, na categoria Ópera, pela sua participação na ópera “Elektra” de Richard Strauss. Este foi o último espetáculo encenado pelo francês Patrice Chéreau (1966 – 2013) e contou com direção musical de Esa-Pekka Salonen à frente da Orquestra de Paris. Esta ópera também está nomeada para “Gravação do ano”.

sábado, 5 de setembro de 2015

Moebius reloaded

pericasAUTO-RETRATO DO QUADRINISTA, ARTISTA GRÁFICO E ILUSTRADOR JEAN GIRAUD (1938-2012)
Revolucionário, enigmático, provocador. Assim era o lendário ilustrador francês Jean Giraud, também conhecido como “Gir” e “Moebius”. Dizer que ele era um dos maiores desenhistas contemporâneos não é exagero. Na verdade, Giraud era verdadeiramente um gênio. Fazia o que queria com um lápis, caneta ou bico de pena: a versatilidade, a multiplicidade de estilos, o traço em constante mutação eram a sua marca. Difícil encontrar um cartunista que tivesse uma técnica tão apurada quanto a dele.
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Durante anos enveredou pelos quadrinhos de faroeste. Criou Les aventures de Frank et Jérémie, Fort Navajo e o mais conhecido deles, o Tenente Blueberry.Em tempos de Leone, Corbucci, Solima e Peckinpah, quando os Spaghetti Westerns faziam sucesso nas telas de cinema, sua estética suja, sombria e áspera combinava com a época e lhe angariava fãs.
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Mas Giraud ia além. Em 1963, começou a usar um novo pseudônimo, Moebius, que o tornaria ainda mais conhecido. Isso foi na revista Hara-Kiri. Em 1974, quando fundou a sensacional Métal Hurlant com o grupo de amigos autointitulado Humanoïdes Associés, sua fama se estendeu para todo o planeta.
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Giraud editaria a publicação visionária ao lado de nomes como Philippe Druillet e Jean-Pierre Dionnet, e teria como colaboradores Richard Corben, Jacques Tardi, Vaughn Bode, Serge Clerc, Milo Manara e Enki Bilal, entre outros. Com Stan Lee, entre 1988 e 1989, faria duas edições de uma minissérie do Surfista Prateado para a Marvel, depois unidas em Silver Surfer: Parable. Com estaGraphic Novel, ganhou o Eisner Award de melhor “finite/limited series”. Este, apenas um dos muitos prêmios que colecionou ao longo da vida.
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Mas ele não parou por aí. O mundo do cinema o admirava e o procurava constantemente. Fellini adorava seu trabalho. E também Ridley Scott e Luc Besson. Giraud se tornaria, assim, colaborador de diversas Story Boards, sendo o responsável pelo Concept Design dos filmes Alien, Tron, O quinto elemento eThe Abyss.
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Como Moebius criou um universo surreal. “Já que o mundo vaga para o delírio, devemos adotar um ponto de vista delirante”… “Estou ausente das muitas versões do cosmos onde você está presente”… “A arte é uma grande porta, mas a vida real tem muitas portinhas que você deve passar para criar algo novo”… Moebius! E então, Arzach, Le garage hermétique, L’Incal. Histórias muitas vezes sem narrativa clara, não-lineares, baseadas em imagens estranhas, fantasmagóricas, oníricas. De quadros carregados de conteúdo erótico até cenários escapistas, fantásticos, etéreos e mágicos, Moebius conduzia o público a dimensões nunca antes exploradas. Suas HQs parecem levar os leitores a um transe hipnótico.
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Na verdade, tudo o que fazia era “arte”. Mas uma arte difícil de classificar, que misturava o modernismo, o nouveau realisme e o surrealismo, com fortes influências do pop, da ficção científica, do cinema, da contracultura, do rock’n’roll e das drogas alucinógenas. Enfim, um artista completo, iconoclasta, rebelde, que se dedicou durante cinquenta anos a refinar e sofisticar as bandes dessinés, elevando-as a um novo patamar conceitual. E fazendo com que suas produções tivessem uma qualidade estética difícil de se equiparar. Por isso, foi e continuará sendo um dos mais influentes e emblemáticos ilustradores de todos os tempos.
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Gostou? Leia também “Surfista prateado“, sobre o quadrinho americano dos anos 60, “A rebeldia de Octobriana“, sobre a incrível personagem soviética de HQs e “O mundo louco de Basil Wolverton“, na coluna de Luiz Bernardo Pericás, no Blog da Boitempo!

Cinco anos depois de Liberdade, Jonathan Franzen edita o novo romance Purity

Em Setembro de 2015 o "grande romancista americano" regressa com mais uma história familiar - mas com hackers e ecos de Dickens. A edição portuguesa será publicada pela D.Quixote logo após o lançamento nos EUA.
Jonathan Franzen GREG MARTIN
Depois de LiberdadePurity. A chegada do novo romance de Jonathan Franzen está agendada para Setembro de 2015, anunciou a editora do “grande romancista norte-americano” de 2010 ao New York Times. Uma família, várias gerações, diferentes continentes e um novo tom para o escritor – o da fábula.
O sucessor de Liberdade, lançado cinco anos depois do romance que deu acapa da revista Time a Franzen em Agosto de 2010 com o epíteto “grande romancista norte-americano”, será então um épico familiar americano que atravessa décadas. O título foca-se na personagem central, Purity Tyler, também conhecida pelo diminutivo Pip (facilmente associável à personagem homónima de Charles Dickens em Grandes Esperanças), que procura identificar o seu pai e que se relaciona com um hacker activista e carismático (que alguns já se apressaram a equiparar a Edward Snowden). Parte assim numa viagem que leva o leitor dos EUA contemporâneos à Alemanha de Leste antes da queda do Muro e à América do Sul, detalha ainda o diário The New York Times com base nas palavras de Jonathan Galassi, presidente da editora Farrar, Straus & Giroux, que representa Franzen.
A D. Quixote confirmou ao PÚBLICO que vai editar Purity logo após o lançamento nos EUA, dependendo o timing apenas da tradução.
Acompanhar várias gerações de uma família é o recheio habitual da prosa de Jonathan Franzen, finalista do Pulitzer de ficção e vencedor do National Book Award de 2001 – fê-lo com os Berglund em Liberdade e com os Lambert emCorrecçõesAo PÚBLICO, numa entrevista em 2011, Franzen explicava o seu foco nas famílias, mas também nas longas durações: "O que me faz regressar às famílias nos meus romances é principalmente o acidente de ter crescido como o filho mais novo numa família de personalidades fortes, que eram ao mesmo tempo muito carinhosas e muito conflituosas entre si. Aprendi desde muito cedo a observar discussões de perspectivas diferentes, a interiorizar esses conflitos, e a procurar histórias que pudessem sintetizá-los e dar-lhes algum sentido."
Mas Jonathan Galassi precisou segunda-feira ao diário norte-americano que, se as temáticas sobre a parentalidade ou o amor se manterão na obra do escritor, o seu tom e estilo mudaram. Ao contrário dos seus romances mais conhecidos, que venderam mais de um milhão de exemplares em todo o mundo, Purity terám garantiu o editor, “uma espécie de qualidade fabulista. Não é realismo estrito. Há uma espécie de tom mítico na história”. E como disse o próprio Jonathan Franzen à revista Portland Monthly em Dezembro de 2012, será mais uma longa leitura. “Já abandonei a ilusão de que sou um escritor de romances de 150 páginas. Preciso de espaço”, sublinhou, acrescentando que “para o bem e para o mal, um ponto de vista nunca parece” bastar-lhe.  
Purity está na forja há dois anos, segundo o editor e o escritor, e é o primeiro romance de Franzen desde o fenómeno Liberdade (2010, edição portuguesa D. Quixote de 2011). Os antecessores deste sucesso de vendas e de críticaforam Correcções (2001, edição portuguesa D. Quixote de 2003) e A Zona de Desconforto – Uma História Pessoal (2006), este último um livro de memórias de um escritor com 47 anos (editado em Portugal em 2012 pela D. Quixote). Agora Franzen prepara-se para, aos 56 anos, ter uma biografia escrita por um perito em incontornáveis da literatura como William Faulkner, Marcel Proust ou Franz Kafka.
Uma biografia
Jonathan Franzen: The Comedy of Rage é uma espécie de biografia escrita por Philip Weinstein, professor de Língua Inglesa na Universidade de Swarthmore – onde Franzen estudou - e que contou com a colaboração do autor biografado. De acordo com o site Publishers Lunch, o livro a editar pela Bloomsbury explorará “as metamorfoses de Franzen como pessoa e como escritor – da sua infância ultra-sensível até aos seus anos em Swarthmore, o seu casamento atribulado e a sua auto-reavaliação tumultuosa durante os anos 1990, até à sua chegada ao mainstream da cena cultural como um ícone literário”.
Ainda assim, Weinstein é o primeiro a dizer (numa entrevista ao New York Times, em Setembro) que o livro “não finge ser uma biografia em grande-escala. É demasiado cedo para isso”, admitiu sobre o timing – “ele está totalmente em modo carreira” ainda, ressalvou. “É um relatório sobre quem ele é.”
A “auto-reavaliação tumultuosa durante os anos 1990” coincide com os seus dois primeiros romances, os menos celebrados The Twenty-Seventh City(1988) e Strong Motion (1992), ambos sem edição portuguesa. Além da sua actividade como colaborador da revista New Yorker e como tradutor, Franzen assina dois outros tomos de não-ficção, as colectâneas de ensaio How to Be Alone (2002) e Farther Away (2012).