segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NICOLÁS GUILLÉN (Poeta cubano)

 





LOS BURGUESES

No me dan pena los burgueses vencidos.

Y cuando pienso que van a dar me pena,

aprieto bien los dientes, y cierro bien los ojos.


Pienso en mis largos días sin zapatos ni rosas,

pienso en mis largos días sin sombrero ni nubes,

pienso en mis largos días sin camisa ni sueños,

pienso en mis largos días con mi piel prohibida,

pienso en mis largos días


No pase, por favor, esto es un club.

La nómina está llena.

No hay pieza en el hotel.

El señor ha salido.


Se busca una muchacha.

Fraude en las elecciones.

Gran baile para ciegos.


Cayó el premio mayor en Santa Clara.

Tómbola para huérfanos.

El caballero está en París.

La señora marquesa no recibe.

En fin

Que todo lo recuerdo y como todo lo recuerdo,

¿qué carajo me pide usted que haga?

Además, pregúnteles,

estoy seguro de que también
recuerdan ellos.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

David Mourão Ferreira

Ternura


Desvio dos teus ombros o lençol,



que é feito de ternura amarrotada,


da frescura que vem depois do sol,


quando depois do sol não vem mais nada...






Olho a roupa no chão: que tempestade!


Há restos de ternura pelo meio,


como vultos perdidos na cidade


onde uma tempestade sobreveio...






Começas a vestir-te, lentamente,


e é ternura também que vou vestindo,


para enfrentar lá fora aquela gente


que da nossa ternura anda sorrindo...






Mas ninguém sonha a pressa com que nós


a despimos assim que estamos sós!





David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

BIOY CASARES

Adolfo Bioy Casares



Escritor argentino de renome, Adolfo Bioy Casares nasceu a 15 de setembro de 1914, em Buenos Aires.

Aos 11 anos escreveu a sua primeira novela, Iris y Margarita, dedicada a uma prima por quem esteve terrivelmente apaixonado.

Aos 14 anos escreveu Vanidad o Una Aventura Terrorífica, um conto que toca o género do fantástico e do policial.

Em 1932 (com 18 anos) conheceu, em casa de Victoria Ocampo (uma amiga escritora) aquele que viria a ser o seu grande amigo e colaborador em obras: Jorge Luis Borges. Dois anos mais tarde, em 1934, conheceu Silvina Ocampo (irmã da sua amiga Victoria) que, juntamente com Borges, conseguiu convencer Bioy Casares a abandonar os estudos e dedicar-se inteiramente à escrita. Bioy Casares acabou por casar-se com Silvina Ocampo em 1940. Nesse mesmo ano publicou La Invención de Morel, a sua obra mais famosa que é hoje considerada um clássico da literatura contemporânea.

Bioy Casares e Borges formam, durante anos, uma dupla extraordinária que os levou à produção de obras de referência como: Un modelo para la muerte (1946), Libro del cielo y del Inferno (?) e as Crónicas de Bustos Domecq (1967) - a maioria das quais estão assinadas por esse pseudónimo que lhes era comum: Bustos Domecq.

Em 1954, ano em que publicou El sueño de los héroes, nasceu a sua filha Marta.

Em 1969 é publicada a obra Diario de la guerra del cerdo, posteriormente adaptada a cinema por Leopoldo Torre Nilson.

Entre diversos prémios e galardões, Bioy Casares recebeu o Prémio Municipal de Literatura em 1941, o Prémio Nacional de Literatura em 1970, o Gran Premio de Honor da SADE (Sociedad Argentina De Escritores) em 1975, é nomeado Membro da Legião de Honra de França em 1981, recebe o Prémio "Esteban Etcheverría" de gente de Letras em 1984, recebendo também nesse mesmo ano o Prémio Mondello (Itália), é nomeado Cidadão Ilustre da Cidade de Buenos Aires em 1986, recebendo também nesse mesmo ano o Prémio do Instituto Latino-americano de Roma, e galardoado com o Prémio Cervantes de Literatura em 1990, recebeu o Prémio Grinzane Cavour (Turin, Itália) em 1992, foi galardoado com o Prémio Gran Maestro de la Ciencia Ficcción, atribuído pela CACyF (Circulo Argentino de Ciencia-Ficción y Fantasia) em 1995, tendo recebido também nesse mesmo ano o Prémio Roger Caillois (França).

Em dezembro de 1993 viu a tragédia abater-se sobre o seu lar: sua mulher Silvina morre nesse mês e, passados apenas poucos dias, Marta (sua filha única) morre atropelada.

Considerado por Jorge Luis Borges como um dos maiores escritores argentinos de ficção, Bioy Casares é autor de uma vasta obra onde a fantasia e a realidade se sobrepõem com uma harmonia magistral. A impecável construção dos seus relatos é, talvez, a característica pela qual é referido pela crítica com mais frequência.

Todos os seus companheiros escritores, argentinos e de outras partes sul-americanas, são unânimes em afirmar que Adolfo Bioy Casares foi um dos mais perfeitos escritores argentinos.

Homem naturalmente feliz, satisfeito com a vida e exímio conhecedor dos prazeres que esta lhe proporcionava, transportou para os seus textos, com sabedoria única, esse espírito de gozo pelo prazeres e pela beleza da vida humana. Bioy Casares era visto, tanto pelos seus companheiros como pela crítica em geral, como um homem com uma dimensão humana fora do comum, com um excelente coração, uma gentileza e um trato do mais fino requinte.

Escritor original, soube como poucos apresentar uma Buenos Aires nada realista, desprovida de adornos, optando assim por um estilo excecional de descrever as suas coisas.

Juntamente com outros escritores da sua geração - nomeadamente Julio Cortázar (1914-1984), Jorge Luis Borges (1899-1986) e Ernesto Sábato (1911- ) - Bioy Casares formou uma plêiade de letrados ilustres do século das letras argentinas.

A sua extensa produção - que inclui colaboração do seu grande amigo Borges em contos escritos com o pseudónimo de H. Bustos Domecq - teve como ponto alto a obra La Invención de Morel e a obtenção do Prémio Cervantes em 1992 com essa mesma obra.

Bioy Casares era considerado um dos escritores mais importantes em língua castelhana do século XX e um dos autores argentinos de maior prestígio internacional.

O último título publicado de Adolfo Bioy Casares foi a novela breve De un mundo a outro (1998) e, segundo afirmou pouco depois da sua segunda hospitalização em fevereiro de 1999, esperava terminar uma nova novela sobre o tema da amizade, a partir de uma história sobre dois amigos e os seus filhos.

A 8 de março de 1999 Adolfo Bioy Casares morreu numa clínica de Buenos Aires, vítima de uma insuficiência respiratória e coronária.

A crítica é hoje unânime em afirmar que Bioy Casares apostou no humor e na ironia como forma de contrabalançar e até mesmo escapar à dureza da realidade vivida em Buenos Aires.

Bioy Casares tem a sua obra traduzida em 16 idiomas, talvez até pelo facto de toda ela abordar temas de profundidade filosófica e intelectual, desde a perspetiva do relato ou da novela fantástica.

Adolfo Bioy Casares - Infopédia



www.infopedia.pt/$adolfo-bioy-casares



segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Julio Cortazar

Bibliografia em português:

Discurso do Urso
Histórias de Cronocópios de Fames
Queremos Tanto a Julio: 20 autores para Cortazar
Ultimo Round
Rayuela
Bestiário
Papéis Inesperados

JÚLIO CORTÁZAR

BOLERO




Qué vanidad imaginar

que puedo darte todo, el amor y la dicha,

itinerarios, música, juguetes.

Es cierto que es así:

todo lo mío te lo doy, es cierto,

pero todo lo mío no te basta

como a mí no me basta que me des

todo lo tuyo.



Por eso no seremos nunca

la pareja perfecta, la tarjeta postal,

si no somos capaces de aceptar

que sólo en la aritmética

el dos nace del uno más el uno.



Por ahí un papelito

que solamente dice:



Siempre fuiste mi espejo,

quiero decir que para verme tenía que mirarte.



Y este fragmento:



La lenta máquina del desamor

los engranajes del reflujo

los cuerpos que abandonan las almohadas

las sábanas los besos



y de pie ante el espejo interrogándose

cada uno a sí mismo

ya no mirándose entre ellos

ya no desnudos para el otro

ya no te amo,

mi amor.