domingo, 17 de fevereiro de 2019

Pelo centenário. Um grande ensaísta esquecido.

Augusto da Costa Dias

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Augusto da Costa Dias
Nome completo Augusto Palhinha da Costa Dias
Nascimento 1919
Trouxemil
Morte 1976 (57 anos)
Lisboa
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Maria Helena da Costa Dias
Ocupação Escritor e investigador (historiador e sociólogo)
Principais trabalhos Os Cavaleiros da Távola Redonda (1960)
Augusto Palhinha da Costa Dias (Trouxemil, Arganil, 1919 - Lisboa, 1976) foi um escritor e investigador da literatura e cultura portuguesa.
Casado com Maria Helena da Costa Dias.

Obras publicadas

  • A crise da consciência pequeno-burguesa: O nacionalismo literário da geração de 90. Lisboa: Estampa, 1964 (1ª e 2ª edições), 1977 (3ª edição).
  • La crisis de la conciencia pequeño-burguesa en Portugal/ El nacionalismo literario de la generación del 90. (Traducção de Juan Eduardo Zúñiga). Madrid: Ediciones Peninsula, 1966
  • Discursos sobre a liberdade de imprensa no primeiro Parlamento Português (1821); textos integrais. Lisboa: Portugália Editora, 1966.
  • Viagens na minha terra (de) Almeida Garrett. Lisboa: Estampa, 1977. Introdução e notas de Augusto da Costa Dias.
  • O roubo das Sabinas (de) Almeida Garrett: Reprodução facsimilada do manuscrito. Edição crítica, fixação de texto, introdução e notas de Augusto da Costa Dias.
  • O roubo das sabinas (de) Almeida Garrett / Augusto da Costa Dias. Lisboa : Editorial Estampa, imp. 1979
  • Narrativas e lendas (de) Almeida Garrett. Lisboa: Estampa, 1979. Edição crítíca, fixação do texto, prefácio e notas de Augusto da Costa Dias. Recolha de textos, organização Maria Helena da Costa Dias.
  • Obra política : escritos do Vintismo 1820-23 (de) Almeida Garrett. Lisboa: Estampa, 1985. Augusto da Costa Dias; Maria Helena da Costa Dias; Luís Augusto Costa Dias.
  • Memórias políticas (de) Basílio Teles ; fixação de texto, prefácio e índices por Augusto da Costa Dias. - Lisboa: Portugália, 1969.
  • O senhor Sete: dispersos folclóricos e de doutrina literária (de) Trindade Coelho ; recolha, apresent. e notas de Augusto da Costa Dias. Lisboa: Portugália, 1961.
  • Memórias políticas (de) Basílio Teles ; fixação de texto, prefácio e índices de Augusto da Costa Dias. Lisboa: Portugália, imp. 1969.
  • Do ultimatum ao 31 de Janeiro : esboço de história política de Basílio Teles; prefácio de Augusto da Costa Dias. 2ª ed. Lisboa: Portugália, 1968.


Traduções e adaptações

  • Os cavaleiros da Távola redonda; adapt. act. da matéria da Bretanha por Augusto da Costa Dias. Lisboa: Portugália, imp. 1960.
  • Os cavaleiros da Távola Redonda; adapt. e act. da matéria da Bretanha por Augusto da Costa Dias. Porto: Público Comunicação Social (distrib.), 2004. ISBN 84-9789-501-0.
  • Ania Francos - Palestina : liberdade ou morte; trad. Augusto da Costa Dias. Lisboa: Seara Nova, 1970.
  • Georges Mongrédien - A vida quotidiana no tempo de Luís XIV; trad. Augusto da Costa Dias. Lisboa: Livros do Brasil, 197-?.
  • Jean Robiquet - A vida quotidiana no tempo da Revolução Francesa; trad. Augusto da Costa Dias. Lisboa: Livros do Brasil, D.L. 1962.

Artigos

Alguns artigos escritos por Augusto da Costa Dias:
“A situação política e as eleições”. In Seara Nova, nº 1554 (1975), p. 5-10. Cota: PP442|AHM
“Leitura política das eleições: a tentativa de ditadura pequeno-burguesa de tanga-socialista como forma de preservação do capitalismo”. In Seara Nova, nº 1556 (1975), p. 3-5. Cota: PP442|AHM
“Algumas questões cadentes no processo revolucionário Português”. In Seara Nova, nº 1557 (1975), p. 11-16. Cota: PP442|AHM [1]

Referências


  1. Memória de África [1]

Ligações externas

Ver também

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A MAIS ALTA TORRE – Manuel Gusmão

A MAIS ALTA TORRE
Sobre si mesmo, movendo-se, o mundo
voltou-se para o outro lado. E tu?
Viras-te para o lado de onde vem, segundo ouves,
o seu ruído concentrado na luz — Cego;
ou como se o estivesses já — imaginavas o som
das letras; tacteavas a máquina do canto;
perdias-te no labirinto dos ecos.
 Cego, mas tens as mãos e elas uma memória
por fazer. As mãos lembram-se: recordam o coração.
Repetes, recapitulas, recuperas esse gesto antigo:
Estender as mãos em frente —
não para a memória mas para a vida,
não para um sonho mas para a invenção
num gesto ou numa teia de gestos quase
automáticos,
[quase pensativos;
Ver pelas mãos o halo da lua que alucina —
Poisar as mãos na madeira da mesa ou
na pedra do parapeito ou no pescoço alto
por onde subia o canto —
E de súbito há uma coisa que descobres
onde a não esperavas: quando escrevendo o «Soneto»
de Cantata ele calculava o peso que deveriam ter
as palavras para poderem voar;
quando o poema era levantar a torre do meu canto
e recriar o mundo pedra a pedra
 ter-lhe-ia falado tão próximo, tão estranho e
tão íntimo, o eco só que fosse daquela
Canção da mais alta torre
daquele que por delicadeza a vida perdera.
Tanto quanto podes saber não da memória
acordada vinha esse eco, embora ele o pudesse
mas antes o duplo acorde seria
de tão diferentes naturezas que o espanto
nos reúne e nos enlaça nesta praia.
Sim.
Tu apenas tinhas estendido as mãos
e entre elas esse impossível espelho
abrir-se-ia, Sim, para duplicar a música
sem ser o seu eco;
Viras-te para o lado em que o mundo vem:
— Como se estivesses cego —; alguém pelo menos
o estava e um cão no sonho ladrava
a um outro alguém que se achava perdido
no canto e sob um arco ao fim da rua,
então, cantava.
O fim dessa rua era uma outra que nos cedia a luz
[— a imagem —
a ilusão do dia e do canto; — nosso, era apenas o cão
e ladrava à noite, à lua e aos astros.
— Estendes as mãos para as poisares
na madeira da mesa, na pedra do parapeito
ou para rodearem o pescoço alto: a alta torre
[do canto
Tudo poderia então agora talvez recomeçar
É como se a mesa desde sempre ali
estivesse; pronta para sobre ela assinares
as tuas últimas vontades; e a janela permitisse
distinguir visível e invisível.
É como se a janela, súbita, se tivesse aberto
sobre a mesa clara e entre si trocassem as formas e
as figuras que nas estantes do ar dançavam;
as imagens daquele mundo que as mãos desenham
e escutam por letras e por música.
É como se as mãos subissem o canto longínquo
que em ti se transforma nas vozes sobrepostas
das mais mínimas, das mais enigmáticas coisas
desta terra, onde uma vez nascidos,
como o breve fogo azul passando a cinza,
nascendo, morrêssemos.
(A Terceira Mão)
Este artigo encontra-se em: voar fora da asa http://bit.ly/2MPUa2e