sábado, 27 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
NO DIA MUNDIAL DA POESIA
ABEL E CAIM
Raça de Abel, comes e adormeces,
Deus sorri e abastece
Raça de Caim, sempre em tormentos,
Roja-te e morre entre lamentos.
Raça de Abel, teus sacrifícios
São gozo para os anjos orifícios.
Raça de Caim, teu castigo
Não tem fim por muito antigo?
Raça de Abel, tua cultura floresce,
Teu gado sem doengas cresce.
Raça de Caim, no teu ventre
Um cão esfomeado uiva descontente.
Raça de Abel, a lareira patriarcal
Aquece-se do cocuruto ao anal.
Raça de Caim, no teu antro,
Pobre chacal, tremes de frio e espanto.
Raça de Abel, copula e reproduz-se,
Tudo lhe rende, conclui-se.
Raça de Caim, coração em brasa,
Cuidado, os grandes apetites trazem desgraça.
Raça de Abel, cresces e pastas,
Mais prolífera do que baratas.
Raça de Caim, pelos caminhos
Para repouso não terás ninho.
Ah! Raça de Abel, vossas tripas e mioleiras
farão um estrume de primeira.
Raça de Caim, se continuas assim,
Tua desgraça não terá fim.
Raça de Abel, morderás o pó
O ferro será quebrado numa lança só.
Raça de Caim, mais lamentos? não!
Assalta o céu e deita deus ao chão.
Charles BAUDELAIRE
AS FLORES DO MAL
Raça de Abel, comes e adormeces,
Deus sorri e abastece
Raça de Caim, sempre em tormentos,
Roja-te e morre entre lamentos.
Raça de Abel, teus sacrifícios
São gozo para os anjos orifícios.
Raça de Caim, teu castigo
Não tem fim por muito antigo?
Raça de Abel, tua cultura floresce,
Teu gado sem doengas cresce.
Raça de Caim, no teu ventre
Um cão esfomeado uiva descontente.
Raça de Abel, a lareira patriarcal
Aquece-se do cocuruto ao anal.
Raça de Caim, no teu antro,
Pobre chacal, tremes de frio e espanto.
Raça de Abel, copula e reproduz-se,
Tudo lhe rende, conclui-se.
Raça de Caim, coração em brasa,
Cuidado, os grandes apetites trazem desgraça.
Raça de Abel, cresces e pastas,
Mais prolífera do que baratas.
Raça de Caim, pelos caminhos
Para repouso não terás ninho.
II
Ah! Raça de Abel, vossas tripas e mioleiras
farão um estrume de primeira.
Raça de Caim, se continuas assim,
Tua desgraça não terá fim.
Raça de Abel, morderás o pó
O ferro será quebrado numa lança só.
Raça de Caim, mais lamentos? não!
Assalta o céu e deita deus ao chão.
Charles BAUDELAIRE
AS FLORES DO MAL
Etiquetas:
Ed. Relógio D'Água,
trad. de Maris Gabriela LLançol
sábado, 20 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Aldo Pellegrini
"El días después", Miguel Oscar Menassa
Em voz baixa
para poder atravessar a fragilidade do teu sonho
far-te-ei a revelação das formas
contar-te-ei a beleza
daquilo que nunca se vive
as maravilhas que nascem imprevistas da intensidade
do ardor
ensinar-te-ei a caminhar firmemente sobre a escuridão
a iluminar a noite com os desejos
a investigar o segredo imortal
as aventuras graciosas alinhadas pela ordem cronológica
da vigília
apagá-las-á o sonho que busca a mulher que todos
recusam
a mulher que acende o seu espírito caído nas
maravilhas do amor
Eu
desperto
prego a absurda técnica da irresolução
imóvel
em voz baixa
te revelo
que o mundo é uma majestosa mentira inventada pelo
bom humor dos mártires.
Aldo Pellegrini, surrealista argentino
(tradução de Tiago Nené)
Etiquetas:
Aldo Pellegrini
segunda-feira, 15 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
Les yeux d'Elsa - Louis ARAGON (poema musicado por Jean Ferrat)
Tes yeux sont si profonds qu'en me penchant pour boire
J'ai vu tous les soleils y venir se mirer
S'y jeter à mourir tous les désespérés
Tes yeux sont si profonds que j'y perds la mémoire
À l'ombre des oiseaux c'est l'océan troublé
Puis le beau temps soudain se lève et tes yeux changent
L'été taille la nue au tablier des anges
Le ciel n'est jamais bleu comme il l'est sur les blés
Les vents chassent en vain les chagrins de l'azur
Tes yeux plus clairs que lui lorsqu'une larme y luit
Tes yeux rendent jaloux le ciel d'après la pluie
Le verre n'est jamais si bleu qu'à sa brisure
Mère des Sept douleurs ô lumière mouillée
Sept glaives ont percé le prisme des couleurs
Le jour est plus poignant qui point entre les pleurs
L'iris troué de noir plus bleu d'être endeuillé
Tes yeux dans le malheur ouvrent la double brèche
Par où se reproduit le miracle des Rois
Lorsque le coeur battant ils virent tous les trois
Le manteau de Marie accroché dans la crèche
Une bouche suffit au mois de Mai des mots
Pour toutes les chansons et pour tous les hélas
Trop peu d'un firmament pour des millions d'astres
Il leur fallait tes yeux et leurs secrets gémeaux
L'enfant accaparé par les belles images
Écarquille les siens moins démesurément
Quand tu fais les grands yeux je ne sais si tu mens
On dirait que l'averse ouvre des fleurs sauvages
Cachent-ils des éclairs dans cette lavande où
Des insectes défont leurs amours violentes
Je suis pris au filet des étoiles filantes
Comme un marin qui meurt en mer en plein mois d'août
J'ai retiré ce radium de la pechblende
Et j'ai brûlé mes doigts à ce feu défendu
Ô paradis cent fois retrouvé reperdu
Tes yeux sont mon Pérou ma Golconde mes Indes
Il advint qu'un beau soir l'univers se brisa
Sur des récifs que les naufrageurs enflammèrent
Moi je voyais briller au-dessus de la mer
Les yeux d'Elsa les yeux d'Elsa les yeux d'Elsa
quinta-feira, 11 de março de 2010
Prolongando o Dia Internacional da Mulher - E. MUNCH
Etiquetas:
Pintura
quarta-feira, 10 de março de 2010
Simone de Beauvoir, filósofa e romancista, autora do célebre ensaio «O Segundo Sexo»; não sendo adepta do feminismo, foi, contudo, uma das mais notáveis protagonistas da emancipação da mulher; viveu com o Nobel Jean-Paul Sartre. Pelas teses ousadas e justas que defendeu foi caluniada por intelectuais que cairam no ridículo e na vergonha.
segunda-feira, 8 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
MARC CHAGALL
Enquanto é tempo
Quando a morte chegar
sem aviso
não terei tempo
para te dizer
que não fui a tempo
de te dizer
a palavra exacta
redonda
a palavra das palavras
Desperdicei o tempo
das palavras maduras
pendentes da língua
quando o tempo
era só nosso.
Tanto sono, tanto silêncio,
quando depressa se escoava o tempo.
Calo-me
já passou o tempo.
Quando a morte chegar
sem aviso
não terei tempo
para te dizer
que não fui a tempo
de te dizer
a palavra exacta
redonda
a palavra das palavras
Desperdicei o tempo
das palavras maduras
pendentes da língua
quando o tempo
era só nosso.
Tanto sono, tanto silêncio,
quando depressa se escoava o tempo.
Calo-me
já passou o tempo.
quarta-feira, 3 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
Subscrever:
Mensagens (Atom)