sábado, 20 de outubro de 2012

Faleceu Manuel António Pina. Com alguns sucede isto: é necessário que morram para que se conheçam. Aproveite agora para lê-lo.

O Medo Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.

É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.

Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?

Manuel António Pina, in "Nenhum Sítio"



in O Citador

1 comentário:

jrd disse...

As suas palavras juntas sao sempre palavras de vida.