domingo, 12 de outubro de 2014


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Poema
Paul CelanPaul CelanAlemanha1920 // 1970Poeta
  
  
OlhosOlhos: 
brilhantes da chuva que caiu 
quando Deus me mandou beber. 

Olhos: 
ouro, que a noite me contou nas mãos, 
quando colhi urtigas 
e fiz arrepender as sombras dos Provérbios. 

Olhos: 
noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão 
e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes 
saltei pelos lugares da eternidade. 

Paul Celan, in "Papoila e Memória" 
Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno

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