quinta-feira, 28 de junho de 2018

breve história da poesia moderna e pós-moderna

VICTOR HUGO (1802-1885)


O sol adormeceu esta tarde nas nuvens…

O sol adormeceu esta tarde nas nuvens.
Amanhã hão de vir borrasca e tarde e noite;
A aurora e seus clarões de vapor obstruídos;
Depois noites e dias, todo o tempo eterno.
Passarão estes dias – passarão em turba
Sobre a face do mar, sobre a face dos montes,
Sobre os rios de prata e o bosque em rola
Como um hino confuso de mortos que amamos.
Como a face das águas e a fronte das montanhas.
Enrugadas e moças, e os bosques sempre verdes
jovens serão; e o rio das campinas
Traz dos montes o fluxo que oferece aos mares.
Mas eu que cada vez mais curvo a minha fronte,
Eu passo e estimulado pelo sol alegre.
Logo mais partirei, bem no meio da festa,
E sem que nada falte ao mundo imenso e belo.
.
Le soleil s’est couché ce soir dans les nuées…
Le soleil s’est couché ce soir dans les nuées.
Demain viendra l’orage, et le soir, et la nuit ;
Puis l’aube, et ses clartés de vapeurs obstruées ;
Puis les nuits, puis les jours, pas du temps qui s’enfuit !
Tous ces jours passeront; ils passeront en foule
Sur la face des mers, sur la face des monts,
Sur les fleuves d’argent, sur les forêts où roule
Comme un hymne confus des morts que nous aimons.
Et la face des eaux, et le front des montagnes,
Ridés et non vieillis, et les bois toujours verts
S’iront rajeunissant; le fleuve des campagnes
Prendra sans cesse aux monts le flot qu’il donne aux mers.
Mais moi, sous chaque jour courbant plus bas ma tête,
Je passe, et, refroidi sous ce soleil joyeux,
Je m’en irai bientôt, au milieu de la fête,
Sans que rien manque au monde, immense et radieux!
– Victor Hugo, em “Obras completas. Victor Hugo”. [tradução Jamil Almansur Haddad]. São Paulo: Editora das Américas, 1960.

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