Talvez, quem sabe, um dia
por uma alameda do zoológico ela também chegará
ela que também amava os animais
entrará sorridente assim como está
na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão
o século trinta vencerá
o coração destroçado já
pelas mesquinharias
Agora vamos alcançar
tudo o que não pudemos amar na vida
com o estelar das noites inumeráveis
Ressuscita-me
ainda que mais não seja
porque sou poeta
e ansiava o futuro
Ressuscita-me
lutando contra as misérias
do cotidiano
ressuscita-me por isso
Ressuscita-me
quero acabar de viver
o que me cabe, minha vida
para que não mais existam
amores servis
Ressuscita-me
para que ninguém mais tenha
que sacrificar-se
por uma casa, um buraco
Ressuscita-me
para que a partir de hoje
a partir de hoje
a família se transforme
E o pai
seja pelo menos o universo
E a mãe
Seja no mínimo a terra.
A terra.
Vladimir Maiakovski
..
2 comentários:
Gosto muito da poesia de VM.
Saudações
Que ignorante me sinto: não conhecia!
Agradeço ter tido a oportunidade de ler um bom poema.
Feliz Natal e um 2010 bem melhor do que 2009!
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