domingo, 20 de dezembro de 2009

“O Amor” - Maiakovski



Talvez, quem sabe, um dia
por uma alameda do zoológico ela também chegará
ela que também amava os animais
entrará sorridente assim como está
na foto sobre a mesa


Ela é tão bonita
ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão
o século trinta vencerá
o coração destroçado já
pelas mesquinharias


Agora vamos alcançar
tudo o que não pudemos amar na vida
com o estelar das noites inumeráveis


Ressuscita-me
ainda que mais não seja
porque sou poeta
e ansiava o futuro


Ressuscita-me
lutando contra as misérias
do cotidiano
ressuscita-me por isso


Ressuscita-me
quero acabar de viver
o que me cabe, minha vida
para que não mais existam
amores servis


Ressuscita-me
para que ninguém mais tenha
que sacrificar-se
por uma casa, um buraco


Ressuscita-me
para que a partir de hoje
a partir de hoje
a família se transforme

E o pai
seja pelo menos o universo
E a mãe
Seja no mínimo a terra.
A terra.


Vladimir Maiakovski
.
.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gosto muito da poesia de VM.

Saudações

São disse...

Que ignorante me sinto: não conhecia!

Agradeço ter tido a oportunidade de ler um bom poema.

Feliz Natal e um 2010 bem melhor do que 2009!