AÇORES
Grandes navios verdes
eis que navegam
ancoradas, para sempre;
sob as águas
enormes raízes de lava
prendem-nas firmes
a meio do Atlântico
ao passado.
Os turistas, pasmando
do convés
proclamam aos guinchos lindas
as encostas malhadas
de casinhas
(confettis) e
doces losangos
de chocolate (terra).
Maravilham-se com
os campos graciosos
e os socalcos
feitos à mão para conter
Os modestos frutos
das vinhas e das árvores
importadas pelos portugueses:
paisagem rural
vindo à deriva
de há séculos;
a distância
amplia-se.
O navio segue.
Outra vez a constante
música alimenta
Um vazio à popa,
os Açores sumidos.
O vácuo atrás e o vácuo
à frente são o mesmo.
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