sábado, 13 de fevereiro de 2010

John Updike

AÇORES

Grandes navios verdes
      eis que navegam
ancoradas, para sempre;
      sob as águas

enormes raízes de lava
      prendem-nas firmes
a meio do Atlântico
      ao passado.

Os turistas, pasmando
      do convés
proclamam aos guinchos lindas
      as encostas malhadas

de casinhas
      (confettis) e
doces losangos
      de chocolate (terra).

Maravilham-se com
      os campos graciosos
e os socalcos
      feitos à mão para conter

Os modestos frutos
     das vinhas e das árvores
importadas pelos portugueses:

paisagem rural
     vindo à deriva
de há séculos;
     a distância

amplia-se.
     O navio segue.
Outra vez a constante
     música alimenta

Um vazio à popa,
    os Açores sumidos.
O vácuo atrás e o vácuo
    à frente são o mesmo.

Sem comentários: