CUBO FUTURISMO RUSSO
O
Manifesto Futurista de 1909, de Filippo Tommaso Marineti, teve grande
repercussão nos movimentos artísticos do início do século. Os Futuristas
defendiam uma arte nova, a destruição do que é antigo, o triunfo
tecnológico do homem sobre a natureza. JANSON (1996, p.371) afirma que
“o movimento futurista italiano, de curta duração, exemplifica esta
atitude; […] seus fundadores lançaram um manifesto que rejeitava
violentamente o passado e exaltava a beleza da máquina.”:
“Para
que olhar para trás, no momento em que é preciso arrombar as portas
misteriosas do impossível? O tempo e o espaço morreram ontem.” (trecho
do Manifesto futurista)
Os
futuristas admiravam, sobretudo, a velocidade e tecnologia. Também era
citada a exaltação da juventude e da violência. ”Exigiam a destruição
dos museus e seu ódio voltava-se contra a tradição da arte” (BAUMGART,
1999, p.1). O novo contexto mundial, como as grandes mudanças que
ocorriam nos campos sociais, econômicos, políticos, viriam a ser
acompanhados das mudanças culturais. O momento é de transição. Assim
como o dinamismo evidente no começo do século, os futuristas reproduziam
e amplificavam essa percepção. O início do século é marcado por
progressos tecnológicos. Contudo, os futuristas russos “nunca
glorificavam a máquina, menos ainda como um instrumento de guerra”
(JANSON, 1996, p.1)
Na
Rússia, o futurismo foi chamado de Cubo-futurismo, como cita JANSON
(1996, p.372) “[…] adotou o estilo de Picasso e baseou suas teorias em
manifestos futuristas.” Um conceito para o pensamento cubo-futurista é o
zaum, termo que não tem equivalência no ocidente. “[…] inventado pelos poetas russos, zaum era uma linguagem do trans-sentido […] baseada em novas formas de palavras numa nova sintaxe.” (JANSON, 1996, p.373).
O
termo Futurismo Russo, também amplamente empregado, serve para
descrever os artistas que adotaram o Manifesto Futurista. O grupo Hylea,
formado por artistas como Vladimir Mayakovski e David Burlyuk, publicou
em 1912 um manifesto chamado “A slap in the Face of Public Taste”, que
pode ser mais bem traduzido por “Bofetada no gosto público”. “[…] o
futurismo é uma certa simbiose entre Burliuk, que “ultrapassou” o tempo de maestria, e a consciência socialista de Maiakovski.” (MIKHAILOV, 2008, p.75) e ainda:
É
notável a avaliação de R.V. Duganov, autor de pesquisas sobre o
futurismo e sobre Vielemir Khliebnikov: “O assunto era de vida ou morte
da arte em geral. E a questão não eram os caminhos de seu
desenvolvimento e aperfeiçoamento, mas a reviravolta brusca da estética,
limpar e destruir até achar sua natureza primitiva. Pode se dizer que
no futurismo a arte extravasava sem perder sua essência.” (MIKHAILOV,
2008, p.93)
A
rejeição do manifesto era grande entre os artistas, já que pregavam a
destruição do passado. “No manifesto, a idéia norteadora é da negação,
formulada da forma mais leve e irresponsável.” (MIKHAILOV, 2008, p.88).
Os
futuristas russos trabalhavam muito com tipografia, no significado das
formas das letras e em seu layout num cartaz ou em uma poesia. Portanto,
um poeta trabalha com as letras em seu poema assim como um pintor
arranja as cores e formas de sua obra.
A
combinação de Cubismo e Futurismo propiciou o aparecimento posterior de
inúmeros movimentos artísticos. Segundo JANSON (1996, p. 373) “Embora
os cubos-futuristas sejam mais importantes como teóricos do que como
artistas, eles serviram de trampolim para os movimentos russos
posteriores”.
Contudo, “Maikovski, provavelmente, tinha consciência de que a pintura não era sua vocação.” (L.F. Jeguin apud MIKHAILOV,
2008, p.78). Percebe-se que Maiakovski não tinha extrema predileção
sobre a pintura, embora muitos de seus cartazes tenham servido de
referência para o Construtivismo.
Seus
poemas são carregados de engajamentos pró-Revolução, com grande
sentimento revolucionário. Nos primórdios da revolução, Maiakovski ajuda
a consolidar a revolução, tanto no lado político ideológico como no
lado cultural. Porém, alguns anos depois, o caráter revolucionário deixa
de existir só, e passa a contracenar com as sátiras.
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