terça-feira, 27 de junho de 2017

CUBO FUTURISMO RUSSO

O Manifesto Futurista de 1909, de Filippo Tommaso Marineti, teve grande repercussão nos movimentos artísticos do início do século. Os Futuristas defendiam uma arte nova, a destruição do que é antigo, o triunfo tecnológico do homem sobre a natureza. JANSON (1996, p.371) afirma que “o movimento futurista italiano, de curta duração, exemplifica esta atitude; […] seus fundadores lançaram um manifesto que rejeitava violentamente o passado e exaltava a beleza da máquina.”:

“Para que olhar para trás, no momento em que é preciso arrombar as portas misteriosas do impossível? O tempo e o espaço morreram ontem.” (trecho do Manifesto futurista)

Os futuristas admiravam, sobretudo, a velocidade e tecnologia. Também era citada a exaltação da juventude e da violência. ”Exigiam a destruição dos museus e seu ódio voltava-se contra a tradição da arte” (BAUMGART, 1999, p.1). O novo contexto mundial, como as grandes mudanças que ocorriam nos campos sociais, econômicos, políticos, viriam a ser acompanhados das mudanças culturais. O momento é de transição. Assim como o dinamismo evidente no começo do século, os futuristas reproduziam e amplificavam essa percepção. O início do século é marcado por progressos tecnológicos. Contudo, os futuristas russos “nunca glorificavam a máquina, menos ainda como um instrumento de guerra” (JANSON, 1996, p.1)

Na Rússia, o futurismo foi chamado de Cubo-futurismo, como cita JANSON (1996, p.372) “[…] adotou o estilo de Picasso e baseou suas teorias em manifestos futuristas.” Um conceito para o pensamento cubo-futurista é o zaum, termo que não tem equivalência no ocidente. “[…] inventado pelos poetas russos, zaum era uma linguagem do trans-sentido […] baseada em novas formas de palavras numa nova sintaxe.” (JANSON, 1996, p.373).
O termo Futurismo Russo, também amplamente empregado, serve para descrever os artistas que adotaram o Manifesto Futurista. O grupo Hylea, formado por artistas como Vladimir Mayakovski e David Burlyuk, publicou em 1912 um manifesto chamado “A slap in the Face of Public Taste”, que pode ser mais bem traduzido por “Bofetada no gosto público”. “[…] o futurismo é uma certa simbiose entre Burliuk, que “ultrapassou”  o tempo de maestria, e a consciência socialista de Maiakovski.” (MIKHAILOV, 2008, p.75) e ainda:

É notável a avaliação de R.V. Duganov, autor de pesquisas sobre o futurismo e sobre Vielemir Khliebnikov: “O assunto era de vida ou morte da arte em geral. E a questão não eram os caminhos de seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, mas a reviravolta brusca da estética, limpar e destruir até achar sua natureza primitiva. Pode se dizer que no futurismo a arte extravasava sem perder sua essência.” (MIKHAILOV, 2008, p.93)

            A rejeição do manifesto era grande entre os artistas, já que pregavam a destruição do passado. “No manifesto, a idéia norteadora é da negação, formulada da forma mais leve e irresponsável.” (MIKHAILOV, 2008, p.88).
            Os futuristas russos trabalhavam muito com tipografia, no significado das formas das letras e em seu layout num cartaz ou em uma poesia. Portanto, um poeta trabalha com as letras em seu poema assim como um pintor arranja as cores e formas de sua obra.
            A combinação de Cubismo e Futurismo propiciou o aparecimento posterior de inúmeros movimentos artísticos. Segundo JANSON (1996, p. 373) “Embora os cubos-futuristas sejam mais importantes como teóricos do que como artistas, eles serviram de trampolim para os movimentos russos posteriores”.
            Contudo, “Maikovski, provavelmente, tinha consciência de que a pintura não era sua vocação.” (L.F. Jeguin apud MIKHAILOV, 2008, p.78). Percebe-se que Maiakovski não tinha extrema predileção sobre a pintura, embora muitos de seus cartazes tenham servido de referência para o Construtivismo.
             Seus poemas são carregados de engajamentos pró-Revolução, com grande sentimento revolucionário. Nos primórdios da revolução, Maiakovski ajuda a consolidar a revolução, tanto no lado político ideológico como no lado cultural. Porém, alguns anos depois, o caráter revolucionário deixa de existir só, e passa a contracenar com as sátiras.

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