quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ainda Caim

O texto «Caim» é pura ironia. A ironia é um recurso retórico que remonta aos gregos e romanos. Aristóteles refere-se-lhe. A ironia, não sendo um mero sarcasmo, é para levar a sério. Quando é boa desmonta os argumentos falaciosos do adversário. A fórmula principal é »Se» (Se ele diz que, então...). Por conseguinte, se a Bíblia, Velho Testamento, diz isto e aquilo (segundo as melhores traduções dela), logo...Adão e Eva foram injustamente castigados brutalmente por desejarem-se e desejarem o Conhecimento do Bem e do Mal (Moral, Ética, Filosofia,etc.). Se Javé (Deus) castigou Sodoma e Gomorra, com inocentes lá dentro (crianças e outros) foi brutal e injusto. Se castigou os egípcios para que Moisés pudesse fugir com o seu povo, com sete horríveis pragas, foi brutal (sobretudo para os inocentes), etc. etc. São estas histórias que se ensinam e nhum padre disse, se atreveu a dizer, que eram falsas, excepto aqueles que castigados brutalmente porque o disseram. Não é para se tomarem no sentido literal? Argumento falacioso e muito modernaço (durante séculos nunca a Igreja o disse e admitiu). Na falta de argumentos, diz-se que é simbólico o sentido...Simboliza o quê?? Só pode simbolizar a brutalidade de Javé, a sua desmedida vontade de domínio. Mas simboliza, se se preferir, mais: que a história do dilúvio foi «roubada» aos babilónios (está publicada) e que outras histórias inspiram-se e misturam-se com as lendas e crenças desses tempos desde a Pérsia à Índia. Ou seja, o Velho Testamento representa a atmosfera mental de um tempo (de crendices), exemplifica as religiões antigas que hoje já não têm suporte e que foi coligido e revisto de modo a moldar-se aos interesses de um povo, os hebreus, corpo doutrinário que lhes servia (e serve) para se julgarem os eleitos do único Deus. A moral que pregam é a submissão inquestionada aos desígnios de Deus (isto é, aos livros escritos por homens e aos dogmas em que assenta o domínio das igrejas). Disse.

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