sábado, 21 de novembro de 2009

Mitos e Lendas

Adam deriva de «terra vermelha». Quando o homem pecou, Deus amaldiçoou a «terra vermelha», destruiu a harmonia dos elementos naturais, introduzindo a corrupção e a morte (os antigos mitos e o próprio Platão sublinham este aspecto negativo da matéria). O filósofo místico Jacob Bohme escreveu (1612) que foi Lucífer quem lançou fogo à Natureza ao despertar a ira de Deus com a sua arrogância,«o barro transformou-se num montão de pedras, numa casa de miséria». As doutrinas cabalísticas, e Paracelso e Bohme falam de uma unidade interior e original que foi quebrada, surgindo os opostos. Esta dualidade, oposição, contraditoriedade, caracteriza o pensamento dos primitivos indo-europeus e vai atravessar a filosofia grega antiga. Adão seria andrógino, raça pura, que se perdeu (Platão desenvolve o mito na sua tese sobre o Amor, no diálogo O Banquete, ou Simpósio Sobre o Amor: as duas metades separadas que se procuram). O feminino que era essencial a Adão, antes de ser separado dele enquanto dormia, era a sua esposa celestial Sophia (sabedoria). Adão, que era um ser celestial, foi arrancado do mundo «interior» para fora dele, para o mundo exterior, convertendo-se numa «larva» material. Perdeu Sophia e anda errante, fantasmagórico.
A serpente era interpretada frequentemente como um dragão (figura mitológica de diversas religiões e mitologias do oriente ao extremo oriente, simultaneamente benfazeja e malfazeja).
A palavra «diabo» vem do latim diabolus, que por sua vez vem do grego diabolos, formado a partir de ballein, «lançar». Diaballein significa pois, na sua origem, «lançar de través». Logo, o diabo é aquele que lança palavras ou objectos para fora do seu caminho próprio ou do seu local próprio. «Satã», o «oponente», em hebraico. Génio persa do mal, Ahriman. «Lucifer», «o portador da luz», em latim.

3 comentários:

Meg disse...

Zé,

Este é um daqueles textos que me fazem ir à procura de...

E levo horas e horas esquecida nessa busca, tantas são as perguntas que ficam por responder.
E a culpa é tua, evidentemente!
Que nos pões a pensar... e não deve ser só a mim, tenho a certeza.
Mas vale sempre a pena.

Um abraço

C Valente disse...

boa narrativa
saudações amigas

Nozes Pires disse...

Obrigado, Meg e C Valente.