sexta-feira, 22 de julho de 2011

Morreu Lucian Freud

Morreu o pintor britânico Lucian Freud



22 julho

As obras de Lucien Freud atingiram valores muito elevados em leilão; este retrato “Benefits Supervisor Sleeping” foi vendido, em 2008, por 23 milhões de dólares ao russo Roman Abramovich

O pintor morreu ontem aos 88 anos, em Londres, vítima de doença súbita, de acordo com a sua galeria. Lucian Freud aproximou-se da estética do surrealismo mas, durante os anos 50, mudou de registo para a pintura de retratos, geralmente de nus humanos acompanhados de objetos. É um dos mais importantes pintores do século e manteve-se fiel à arte figurativa.Morreu o pintor britânico Lucian Freud

“Vivia para pintar e pintou até ao dia da sua morte, longe do ruído do mundo da arte”, refere a galeria nova-iorquina William R. Acquarella, que representa o pintor.

O neto do fundador da psicanálise Sigmund Freud é considerado “um dos mais importantes pintores dos séculos XIX e XX”, vice-presidente do departamento de arte pós-guerra da leiloeira Christie’s. “Manteve a sua abordagem figurativa, mesmo quando esta era muito pouco popular, quando a abstração era o conceito dominante. No final, a sua abordagem clássica revelou-se muito importante. Lutou contra o sistema e sinceramente ganhou”, descreveu Brett Gorvy.
A rejeição das tendências e a insistência num estilo realista tornaram-no um dos mais destacados pintores a nível internacional.

A sua rotina de trabalho era “muito regrada, com três sessões principais por dia, e por vezes à noite. Impôs-se uma dieta muito rigorosa. Estava consciente da sua própria mortalidade e sabia que o tempo era muito precioso”, acrescentou.
Lucien Freud nasceu em Berlim, em 1922. Estudou na Central School Of Art, em Londres, para onde emigrou com os pais em 1933, para fugir ao regime nazi. Adquiriu a cidadania britânica em 1938. Trabalhou quase toda a vida no estúdio localizado no bairro de Holland Park, podendo levar anos a realizar um retrato, em virtude do cuidado que tinha com os detalhes.

Os nus eram uma marca da obra de Lucian Freud por entender que a roupa era uma capa e pretender revelar instintos e desejos. “Interessam-me as pessoas como se fossem anumais (…) Em parte, gosto de trabalhar com nus por que assim posso ver mais (…) Gosto que toda a gente esteja tão natural e fisicamente relaxada como se fossem animais”, dizia, em 2002, aos curadores de uma exposição na Tate Britain.
Por outro lado, o pintor também retratou a rainha de Inglaterra, vestida de amarelo, após negociações entre o palácio de Buckhingham. O retrato doado à coleção real é uma das mais controversas imagens da monarca britânica.

Sobre a obra de Freud, a curadora do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque considera ter “muita carga e ser bastante perturbadora observá-la”. “É isso que faz tanta gente sentir-se incomodada e é o que lhe confere poder e fascínio à sua obra. O seu trabalho é incrivelmente pessoal e isso sobressai. Por outro lado, é muito desapegado e crítico; é isso que o torna tão intenso”, comenta.

O quadro "Naked Girl with Egg" pode ser visto, desde a passada sexta-feira, na Fundação EDP, no Porto, no âmbito da exposição “My Choice”, composta por obras da colecção do British Council selecionadas por Paula Rego.

in notícias.rtp.pt 

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